8 de março de 2025
Leituras:
Is 58,9b-14
Sl 85(86),1-2.3-4.5-6
(R. 11a)
Lc 5,27-32
Por Pe. Geraldo
Martins
E tudo começa pelo olhar. Diz Lucas que Jesus “viu um
cobrador de impostos” (Lc 5,27). Fosse um olhar preconceituoso e condenatório,
Levi, certamente, não teria deixado tudo, levantado e seguido Jesus (cf. Lc
5,28). Só o olhar da ternura acolhe e converte quem está no pecado.
Ensina o papa Francisco que “os olhos de Jesus fixaram-se
nos de Mateus” e que “era um olhar cheio de misericórdia que perdoava os
pecados daquele homem e, vencendo as resistências dos outros discípulos,
escolheu-o, a ele pecador e publicano, para se tornar um dos
Doze” (Misericordiae Vultus, n. 20).
A misericórdia é a chave de leitura deste gesto de Jesus que
escandaliza os fariseus e doutores da lei por tomar refeição com os cobradores
de impostos e pecadores (cf. Lc 5,30). A estes, nesse mesmo episódio narrado
por Mateus, Jesus vai dizer: “aprendam o que significa: misericórdia é o que eu
quero, e não sacrifício” (Mt 9,13). Assim, entre os pecadores, Jesus revela-se,
de maneira esplêndida, como “o rosto da misericórdia do
Pai” (Misericordiae Vultus, n. 1).
Com sua atitude, “Jesus fala mais vezes da importância da fé
que da observância da lei” e “diante da visão de uma justiça como mera
observância da lei, que julga dividindo as pessoas em justos e pecadores, Jesus
procura mostrar o grande dom da misericórdia que busca os pecadores para lhes
oferecer o perdão e a salvação. Compreende-se que Jesus, por causa desta sua
visão tão libertadora e fonte de renovação, tenha sido rejeitado pelos fariseus
e os doutores da lei. Estes, para ser fiéis à lei, limitavam-se a colocar pesos
sobre os ombros das pessoas, anulando porém a misericórdia do Pai. O apelo à
observância da lei não pode obstaculizar a atenção às necessidades que afetam a
dignidade das pessoas” (Misericordiae Vultus, n. 20).
Como os fariseus e doutores da lei, ainda são muitos os que
se escandalizam com a misericórdia do Pai. Deixam-se guiar por um puritanismo
que contradiz o Evangelho, excluindo os irmãos e irmãs da comunidade. A eles Jesus vai
dizer: "Não vim chamar os justos, mas sim os pecadores para a
conversão" (Lc 5,32). Precisamos compreender que “a Igreja não é uma
comunidade de puros que exclui os impuros”. Ela há de ser sempre “uma
fraternidade de purificados e reconciliados, sempre aberta aos
pecadores” (Liturgia Diária O Pão Nosso de Cada Dia).
Diante deste evangelho, indaguemo-nos: a misericórdia do
Pai, revelada em Jesus, nos escandaliza?
Senhor, dá-nos a graça de, como teu filho Jesus, olhar as pessoas com a misericórdia e a ternura a fim de acolher a todos como irmãos e irmãs. Amém!
Amém!
ResponderExcluirAcolher a pessoa humana é acolher o próprio Deus. Assim nos ensina a palavra de Deus. Muitas comunidades em nossos dias se preocupam em acolher bem seus próprios membros e a quem chega para dela participar. É o que nos ensina Jesus: ter atitudes diferente para com as pessoas. Atitudes de amor são sempre convenientes e convencem Muito mais que as palavras ponto o amor os faz ser vizinhos de quem está longe e amar nossos próprios vizinhos. Quaresma é o tempo favorável para treinarmos o novo jeito de se relacionar: o de irmãos!
ResponderExcluirLeitura do livro do Deuteronômio.
Deus sempre tem a iniciativa da Aliança, e é nela que devemos viver, afastando de nós atitudes farisaicas.
Jesus desqualifica a perfeição vivida pelos sábios baseada nas observância da lei e nos convida a viver o amor do Pai que não conhece exceções.
Senhor, nos ajude a viver verdadeiramente a prática do amor a Jesus Cristo e aos nossos semelhantes, e ter olhos de misericórdia e ternura a fim de acolher os nossos irmãos e irmãs. Amém