Como é o seu jejum?

Sexta-feira depois das Cinzas

7 de março de 2025

 

Leituras:

Is 58,1-9a

Sl 50(51),3-4.5-6a.18-19 

Mt 9,14-15

(Acesse aqui)

 

Por Pe. Geraldo Martins


O jejum traduz não só o desejo de conversão, mas também a preparação e a espera de uma nova realidade que expressa o Reino de Deus. O próprio Jesus fez jejum quando esteve no deserto, durante quarenta dias, preparando-se para a missão que o Pai lhe confiou. A Igreja recomenda o jejum como uma das práticas quaresmais que nos ajuda em nosso esforço de buscar e viver a santidade.

Ao ser questionado porque seus discípulos não observam o jejum, Jesus usa a imagem do casamento para mostrar que não se jejua enquanto o noivo está junto dos convidados. O momento é de festa e, numa festa, não se faz jejum.

Jesus é esse noivo cuja companhia é razão de alegria e esperança para aqueles que o seguem. O tempo da espera passou, portanto, o jejum perde seu sentido. Quando, porém, o noivo for tirado do meio deles, então, volta-se à prática do jejum (cf. Mt 9,15). Jesus se refere, assim, à sua paixão, morte e ressurreição, quando então não mais estará presente fisicamente junto aos seus discípulos. Inaugura-se, dessa forma, novo tempo de espera da vinda do Reino definitivo e o jejum volta a ser necessário como expressão da mudança de vida e da esperançosa expectativa da glória eterna.

Cabe, porém, uma pergunta: o que é o jejum e como praticá-lo? Mais do que abster-se de comida, o jejum deve traduzir o amor serviçal aos irmãos e irmãs empobrecidos e aos que são violados em seus direitos. Se o jejum que fazemos durante a quaresma ou em qualquer outra ocasião não nos leva a uma solidariedade aos que mais sofrem, ele perde o sentido, pois, não se coloca na direção da construção do Reino.

Aprendemos isso, na primeira leitura, com o profeta Isaías que mostra a indignação de Deus com aqueles que praticam o jejum, mas “oprimem os empregados, fazem litígios e brigas e agressões impiedosas” (cf. Is 58,3-4). O jejum não tem sentido para quem ignora o irmão. Segundo o profeta o verdadeiro jejum é: “romper as amarras da injustiça, desfazer as correntes da canga, por em liberdade os oprimidos, repartir o pão com o faminto, hospedar em casa os pobres sem abrigo, vestir quem está nu e não se fechar diante daquele que é sua própria carne” (cf. Is 58,6-7). O jejum a que nos propomos nessa Quaresma caminha na direção indicada pelo profeta?

Jejuar é renunciar a alguma coisa. Lembra-nos, porém, São João Paulo II: “A renúncia às sensações, aos estímulos, aos prazeres e ainda ao alimento ou às bebidas, não é fim de si mesma. Deve apenas, por assim dizer, preparar o caminho para conteúdos mais profundos de que se alimenta o homem interior. Tal renúncia, tal mortificação deve servir para criar no homem as condições para poder viver os valores superiores de que ele está, a seu modo, faminto. Eis o significado pleno do jejum na linguagem de hoje” (21.03.1979).

Senhor, ajuda-nos a praticar o verdadeiro jejum, abstendo-nos do mal, semeando sempre o bem e praticando as obras de misericórdia. Amém!

Comentários

  1. Leitura do livro do profeta Isaías.
    O jejum, feito por amor a Deus e para provocar meu encontro solidário com os outros mostra o desejo sincero de conversão, e por isso tem valor.
    Deus vem ao encontro do homem em sua profunda realidade, mas ele nem sempre corresponde a essa iniciativa de Deus.

    Valorizando ao extremo este ato de piedade, o jejum, os discípulos de João pensavam estar dando provas e testemunho de santidade e de vida muito autêntica.
    Jesus compara sua convivência com as discípulos a uma festa de casamento, onde Ele é o noivo:símbolo da Aliança: amizade, alegria, liberdade.

    Senhor, nos ajude a compreender que você conta conosco na construção do reino; assim aumente em nós a consciência de nossa missão aqui na terra, nos ajude a sentir o teu toque de amor e de misericórdia e assim caminhemos com firme decisão de ir de encontro levando palavras de esperança aos irmãos e irmãs mais sofredores e marginalizados. Amém

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  2. Ao ser questionado porque seus discípulos não observam o jejum, Jesus usa a imagem do casamento para mostrar que não se jejua enquanto o noivo está junto dos convidados. O momento é de festa e, numa festa, não se faz jejum.

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