O caminho do Reino

Segunda-feira da 26ª Semana do Tempo Comum

30 de setembro

São Jerônimo - memória

 

Leituras

Jó 1,6-22

Sl 16(17)

Lc 9,46-50

(Acesse aqui)

 

Por Pe. Geraldo Martins

Nesta semana, vamos acompanhar o livro de Jó cuja história tem muito a nos ensinar. No trecho de hoje, aparece uma figura curiosa, num diálogo com Deus sobre Jó. Chamado de “o Satã” (cf. Jó 1,6), esse personagem se apresenta como um espião e se mostra “cético em relação ao ser humano, desejoso de encontrar nele alguma culpa, capaz de desencadear sobre ele toda espécie de desgraças e até  arrastá-lo para o mal. (...) Delineia-se a imagem de um ser pessimista que hostiliza o homem por ter motivos para invejá-lo” (Bíblia de Jerusalém).

Diante das desgraças que se abatem sobre sua vida, Jó, “um homem íntegro e correto, que teme a Deus e afasta-se do mal” (Jó 1,8), não se rebela contra Deus. Ao contrário, permanece fiel a ele e se abandona em suas mãos - “Nu eu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei para lá. O Senhor deu, o Senhor tirou; como foi do agrado do Senhor, assim foi feito. Bendito seja o nome do Senhor!” (Jó 1,21).

Não se trata de um conformismo  e uma passividade ingênuos diante do mal de que é vítima, mas de total abandono nas mãos de Deus, reconhecendo que só nele se obtém a vitória sobre o mal. Mesmo perdendo tudo, Jó não se revolta contra Deus e lhe permanece fiel. Ele sabe que o mal não vem de Deus. E nós, como nos comportamos quando somos surpreendidos por desgraças e sofrimentos?

No evangelho, os apóstolos revelam sua incompreensão em relação à missão de Jesus quando começam a discutir sobre qual deles é mais importante após Jesus anunciar sua paixão, morte e ressurreição. Jesus fala de cruz, eles, de glória, poder, prestígio. Estão contaminados pela lógica do mundo que rejeita a cruz e busca a glória e o esplendor. Isso também não acontece conosco?

Jesus mostra que, no seu Reino, grande é quem se faz pequeno e humilde. E apresenta uma criança como modelo do Reino, apontando, assim, para os últimos, os desconsiderados da sociedade como referência do Reino. Quem não souber acolher os pobres e excluídos estará longe do Reino.

Jesus ensina, ainda, que ninguém tem o monopólio do bem. Por isso, censura João que proíbe alguém de expulsar demônios em nome de Cristo por não participar do grupo de discípulos (cf. Lc 9,49s). Já agimos como João em algum momento? Como reagimos quando vemos alguém que não pertence ao nosso grupo praticando o bem em nome de Cristo?

Senhor, dá-nos resistência e perseverança diante das dificuldades e males que se abatem sobre nós. Abre-nos, cada vez mais, à pequenez e à humildade que nos conduzem para teu Reino. Amém!