As virtudes de José

Quarta-feira da 2ª Semana da Quaresma
19 de março de 2025
Solenidade de São José

2Sm 7,4-5a.12-14a.16)

Sl 88(89),2-3.4-5.27 e 29 

Rm 4,13.16-18.22

Mt 1,16.18-21.24


Por Pe. Geraldo Martins

A solenidade de São José, celebrada hoje, nos dá a oportunidade de voltar nosso olhar para a figura extraordinária deste homem e buscar nele o modelo de cumprimento da vontade de Deus. São muitas as virtudes de São José que o tornam exemplar para os discípulos e discípulas de Jesus. Destaco três delas a partir do evangelho proclamado na liturgia de hoje.

A primeira é a discrição, virtude que se revela no momento em que José, sabendo que Maria estava grávida “antes de viverem juntos” (v. 18), resolve deixá-la em segredo (v. 19). Sua discrição vem de seu coração de homem justo (v. 19), que não lhe permite fazer nenhum julgamento de Maria que ele, certamente, conhecia bem. Sem compreender o que se passa, não ousa fazer mau juízo de sua amada, não comenta com ninguém, não evoca a lei a seu favor. Prefere recolher-se no silêncio e, aí, escuta a voz de Deus que lhe mostra o certo a fazer. 

A fé é a segunda virtude de São José que nos chama atenção. Como Maria, na anunciação, aqui ele também recebe um mensageiro divino, só que por meio de um sonho, que lhe esclarece os desígnios de Deus a seu respeito, de Maria e daquele que está para nascer. A compreensão e a acolhida desta mensagem, no entanto, supõem um acreditar sem exigência de provas ou de questionamentos, tal como José fez. Dessa forma, ele diz sim ao chamado de Deus e participa ativamente do plano da salvação divina que se realiza no Verbo Encarnado que nasce de Maria. 

A terceira virtude que José nos inspira é a obediência, atitude própria de quem crê. Despertado do sonho, que o faz ver a realidade e a verdade, abdica da própria vontade – “abandonar Maria em segredo” (v. 19) – para agir de acordo com a vontade de Deus – “fez conforme o anjo do Senhor havia mandado” (v. 24), recebendo Maria como esposa (v. 20). 

Em sua obediência, José mostra também ternura e acolhimento, como nos lembra o papa Francisco: “José acolhe Maria, sem colocar condições prévias. Confia nas palavras do anjo. A nobreza do seu coração o faz subordinar à caridade aquilo que aprendera com a lei; e hoje, neste mundo onde é patente a violência psicológica, verbal e física contra a mulher, José apresenta-se como figura de homem respeitoso, delicado que, mesmo não dispondo de todas as informações, se decide pela honra, dignidade e vida de Maria. E, na sua dúvida sobre o melhor a fazer, Deus ajudou-o a escolher iluminando o seu discernimento” (Carta Apostólica Coração de Pai).

Ó São José, vem em nosso auxílio. Ensina-nos amar teu filho adotivo, protege nossas famílias e faz-nos trilhar o caminho da discrição, da fé e da obediência. Amém!

 

Comentários

  1. A David Deus promete um filho que construirá para seu Nome, para si mesmo, uma casa estável na terra. Casa-família, a partir daquele filho prometido, do qual Deus queria dizer: "eu serei para ele um pai e ele será Um filho". Era família-Povo que vivesse como verdadeira filha sua, a partir daquele Filho. Esse filho é Jesus: Filho de Deus pelo Espírito, e filho de Davi porque "José filho de Davi", é quem dá ao menino "o nome de Jesus", assumindo sua paternidade. Celebrar José é assumir a paternidade do Pai em que ele inclui a inteira humanidade, também através de José. É confessar: "Ó Senhor, vós sois meu Pai sois meu Deus", e a partir de Jesus-Filho, viver e crescer nessa divina filiação.

    Senhor, pela intercessão de São José, que a partir de Jesus, nos ensine a ser os filhos e filhas que o Pai quis já ao nos criar. São José protege a nossa família e nos ajude a trilhar o caminho da fé com descrição e obediência. Amém

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