Só falar bonito não vale

 

Terça-feira da 2º Semana da Quaresma

18 de março de 2025


Leituras:

Is 1,10.16-20

Sl 49(50),8-9.16bc-17.21.23

Mt 23,1-12

(Acesse aqui)


Por Pe. Geraldo Martins

A força do testemunho está na coerência entre o falar e o fazer. Jesus reconhece a autoridade dos doutores da lei e dos fariseus na interpretação da Lei, mas reprova sua conduta pela incoerência entre o que ensinam e o que praticam. Sua prática religiosa é exterioridade e objetiva apenas chamar atenção sobre si mesmos, passando a impressão de zelosos praticantes da Lei.

O contratestemunho dos doutores da lei e fariseus, no entanto, não deve ser motivo para que alguém deixe de praticar a fé. Por isso Jesus vai dizer aos seus discípulos: “vocês devem fazer e observar tudo o que eles dizem. Mas não imitem suas ações!” (Mt 23,3). E dá-lhes a senha para o autêntico testemunho da fé: “o maior dentre vocês deve ser aquele que os serve. Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado” (Mt 23,11s).

A evangelização é sempre mais eficaz quando a vida de quem evangeliza fala por sua autenticidade e coerência. A graça de Deus, no entanto, supera o pecado e, por isso, não deixa de operar, mesmo quando o líder religioso escandaliza por um comportamento que contradiz o evangelho. Há muitos que usam desse pretexto para justificar sua ausência na comunidade de fé, numa atitude presunçosa, julgando-se melhores do que os outros.

Na vivência de nossa fé, a humildade é que deve nos guiar. Ela é que nos faz compreender que somos carentes do amor e da graça de Deus. Quanto mais temos consciência disso, tanto mais nos voltamos para Jesus Cristo, reconhecendo-o como nosso Mestre e Guia, que nos conduz ao Pai. As contradições humanas não deveriam nunca nos afastar da comunidade de fé, lugar privilegiado de manifestação do amor e da graça de Deus.

Eis o caminho que a Quaresma nos propõe se quisermos, verdadeiramente, celebrar a Páscoa que liberta e salva: ensinar mais pelo testemunho do que pelas palavras, reconhecer Jesus como Mestre e jamais se colocar como melhor do que os outros, vencer a tentação de se colocar como referência, como paradigma, esforçar-se por ser o menor e aquele que serve. “Nós, discípulos de Jesus, não devemos procurar títulos de honra, de autoridade ou de supremacia. (...) Somos todos irmãos e não devemos de maneira alguma subjugar os outros e olhar para eles de cima para baixo” (Papa Francisco, 5.11.2017)

Senhor, faz-nos viver com coerência aquilo que ensinamos e pregamos. Livra-nos da autossuficiência que nos impede de reconhecer que somos todos irmãos e irmãs. Amém!

Comentários

  1. Jesus ensina-me que somos todos irmãos e que não devemos querer ser maiores do que os outros e nem subjugar ninguém.

    ResponderExcluir
  2. Leitura do livro do profeta Isaías.
    Que bonito Deus vê seu povo como novas Sodoma-Gumorra, cidades-da infidelidade, mas também a eles seu apelo é de vida: "ouvi a palavra... deixai de fazer o mal! Aprendei a fazer o bem!". Seus pecados podem ser piores iniquidades, simbolizadas no vermelho da púrpura-carmesim", referência ao sangue fraterno ofendido,mas no arrependimento, desaparecerão, "torna-se-ão brancos como a neve". Deus não precisa de novilhas de nossos rebanhos, mas do que ainda não é seu, nosso coração!

    E coração, não de mestres da lei e de fariseus que ensinam, mas não praticam o que dizem; têm a palavra na "testa", nos "braços", e longe do coração! Já que somos todos irmãos, irmãs entre nós seja maior aquele que serve!

    Senhor, nos ajude a dar testemunho verdadeiramente da tua palavra com os nossos atos, e nos ajude a reconhecermos que somos todos irmãos e irmãs. Amém

    ResponderExcluir

Postar um comentário