Compreenderam o que eu fiz?

Quinta-feira da Semana Santa

17 de abril de 2025

 

Leituras:

Ex 12,1-8.11-14

Sl 115(116B),12-13.15-16bc.17-18

1Cor 11,23-26

Jo 13,1-15

(Acesse aqui)

 

Por Pe. Geraldo Martins

Neste dia em que a Igreja inicia o Tríduo Pascal, mistério central de nossa fé, a liturgia nos apresenta este texto de São João que nos interpela profundamente. Podemos meditá-lo dividindo-o em quatro partes: 1) o contexto; 2) o gesto de Jesus; 3) o diálogo com Pedro; 4) o compromisso dos apóstolos.

O contexto é de despedida de Jesus. A festa da Páscoa, que estava próxima, reporta-nos à libertação celebrada pelo povo de Israel tirado da escravidão no Egito. Jesus vai passar deste mundo ao Pai (Jo 13,1). Vai inaugurar a Páscoa definitiva, libertando, com sua morte e ressurreição, toda a humanidade do pecado e do mal. É movido pelo amor radical que o faz entregar livremente a própria vida em favor de todos.

Antes disso Ele deixa uma lição. Veste-se com uma toalha ou um avental, toma uma bacia com água e lava os pés de seus discípulos. Este gesto traduz, mais uma vez, seu rebaixamento, afinal, esta era a tarefa dos escravos. O caminho do serviço só é possível a quem se rebaixa, fazendo-se simples e humilde.

Sem compreender o gesto de Jesus, Pedro se nega a ter seus pés lavados por Ele. Esta, no entanto, é a condição para ter parte com Jesus. "Para entrar no Reino dos Céus, devemos deixar que o Senhor nos sirva, que o Servo de Deus seja nosso servo. E isto é difícil de compreender. Se não deixo que o Senhor seja o meu servo, que o Senhor me lave, me faça crescer, me perdoe, não entrarei no Reino dos Céus" (Papa Francisco, 2020). No batismo, fomos lavados, banhados em Cristo e passamos a ter parte com Ele. Resta saber se vivemos essa comunhão.

Na pergunta que Jesus faz aos apóstolos está o coração deste texto: “vocês compreendem o que eu lhes fiz?” (v. 12). Só quem responde afirmativamente a essa pergunta poderá cumprir o que vem depois: “dei-lhes o exemplo para que façam a mesma coisa que eu fiz” (v. 15). 

São João, narrando o lava-pés e não a ceia que Jesus faz com os apóstolos na qual institui a Eucaristia (cf. Mt 26,26ss), dá-nos a verdadeira dimensão deste sacramento que nos é tão caro. Comunga verdadeiramente o Cristo quem lava os pés dos irmãos e irmãs, isto é, quem segue seu exemplo e serve ao outro a partir de sua necessidade. Eucaristia desconectada do serviço aos pobres, do comprometimento com a defesa da vida onde ela é ameaçada, não é comunhão com Cristo.

A Eucaristia que fazemos tem nos levado a seguir o gesto de Jesus? De quem devemos lavar os pés hoje?...

Senhor, envia-nos teu Espírito a fim de compreendermos o gesto de Jesus e ajuda-nos a lavar os pés uns dos outros no amor serviçal a fim de que seja verdadeira nossa comunhão com o Corpo e o Sangue de teu Filho Jesus. Amém!

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