O milagre da partilha

Sexta-feira da 2ª Semana da Páscoa

2 de maio de 2025

Santo Atanásio - Memória

 

Leituras:

At 5,34-42

Sl 26(27),1.4.13-14

Jo 6,1-15

(Acesse aqui)


Por Pe. Geraldo Martins

Na multiplicação dos pães que realiza, Jesus revela a sensibilidade própria de quem é movido pela compaixão. Antevendo a necessidade da multidão que o acompanha, Ele se antecipa ao problema e, sem que lhe seja solicitado, busca a solução para a fome do povo que recorre aos seus ensinamentos. Abrindo mão dos cinco pães e dois peixes que trazia consigo, uma criança dá a Jesus a oportunidade de mostrar que a partilha é o verdadeiro milagre que sacia a fome da multidão.

O gesto de Jesus nos remete a Eliseu que recebe apenas vinte pães de cevada e manda distribuí-los para o povo que estava com fome. A distribuição foi feita e ainda sobrou pão (cf. 2Rs 4,42-44). Por seu gesto, Jesus é visto como o profeta que Deus prometera enviar (Jo 6,14). É comparado, então, a Moisés conforme a promessa de Deus em Deuteronômio: “vou suscitar para eles um profeta como tu” (Dt 18,18), diz Deus a Moisés.

A multiplicação dos pães é também antecipação do banquete eucarístico em torno do qual todos são convidados a sentar-se. Ele toma os pães e os peixes, dá graças e os distribui à multidão que se organiza, sentando-se na grama. O banquete oferecido por Jesus sacia a todos e dele ninguém sai com fome.

Impossível não ler a multiplicação dos pães como apelo à caridade que reclama solidariedade e partilha, único caminho que garante vida e justiça aos milhões de pobres e excluídos que passam fome no Brasil e no mundo. Se, porém, não formos capazes de, como Jesus, “levantar os olhos” e nos perguntar “onde conseguir pão para que todos comam” (cf. Jo 6,5), a multidão dos famintos continuará em sua invisibilidade e a morte deixará de ser ameaça para se tornar certeza como, aliás, já é em muitos lugares.

É verdade que os gestos de solidariedade se multiplicam em tempos de catástrofes. Na maioria das vezes, são pobres ajudando os pobres. O fim da fome e da pobreza, no entanto, passa também por políticas públicas que priorizem aqueles que o capitalismo explora sem dó nem piedade. Sempre que formos governados por uma política que se rende à economia de mercado que faz do lucro sua divindade, os pobres estarão com sua vida e dignidade ameaçadas.

Lembremo-nos: “reconhecer nos pobres o direito de receber o pão da vida significa comprometer-se com as exigências do amor e traduzir em escala mundial a obra empreendida por Cristo” (Missal Cotidiano).

Senhor, desperta em nós a compaixão que nos faz solidários com os pobres e nos compromete com a luta pela erradicação da fome e da miséria no mundo. Amém! 

Comentários

  1. Leitura dos Atos dos Apóstolos.
    Apesar dos constantes obstáculos, os apóstolos, movidos pela fé no Ressuscitado, não cessaram de Ensinar e Anunciar. Anunciar Deus traz realização.

    Lembremos que Jesus é o novo Moisés, que assume compromisso com a vida, vem pra restaurar a dignidade do povo com base na lógica da pequenez e da partilha, vem nos ensinar a partilhar, a levar a fé, e não nos deixar ficar indiferentes às necessidades básicas dos nossos irmãos e irmãs.

    Senhor, nos ajude a levar o evangelho a todos os nossos irmãos e irmãs, principalmente aos que mais necessitam, nos despertando a compaixão e a solidariedade aos mais pobres e assim possamos levar alento, amor, e nos ajude a comprometer na lutacontra a misériaeafome.Amém

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  2. Lembremo-nos: “reconhecer nos pobres o direito de receber o pão da vida significa comprometer-se com as exigências do amor e traduzir em escala mundial a obra empreendida por Cristo”

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