Creche dom Luciano será reaberta em Congonhas

Por Padre Claret

Justiça bloqueia R$ 3 milhões da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) para garantia de funcionamento da Creche Dom Luciano, que atende 130 crianças, e da Escola Municipal Conceição Lima Guimarães, com 155 estudantes, em local seguro, na histórica cidade de Congonhas – patrimônio da humanidade -, no estado de Minas Gerais. As duas instituições não puderam iniciar o Ano Letivo de 2019 porque estão em área de risco, muito próximas do Complexo de Barragens Casa de Pedra. Os estudantes da escola foram transferidos pra outro espaço, mas enfrentam sérios transtornos com o transporte.

O bloqueio foi pedido pelo Ministério Público de Minas Gerais a partir de mobilização das famílias atingidas pela barragem. A última manifestação foi no dia 13 de junho, em frente ao fórum da cidade, apoiando iniciativa da Promotoria sensível à reivindicação dos atingidos.

A CSN, de forma prepotente, divulga nota afirmando não haver necessidade de a Creche Dom Luciano transferir-se para área segura. Felizmente os atingidos não acreditam na empresa. E o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) considera a postura da CSN uma temeridade. Não se pode ‘pagar pra ver’ depois do que ocorreu em Mariana (5/11/15) e Brumadinho (25/1/19); ainda mais no caso de crianças, cuja atenção deve ser prioridade absoluta e precisam usufruir dos benefícios da creche em local seguro.  

Existem 24 barragens de rejeito em Congonhas. Somente o Complexo casa de Pedra acumula 90 milhões de toneladas de rejeito, sete vezes o volume da barragem que se rompeu em Brumadinho, e está localizado na área urbana, a menos de 200 metros das casas, bairros onde moram pelo menos cinco mil pessoas.

 O MAB ajudou no processo de preparação da 28ª Romaria dos Trabalhadores e trabalhadoras, da Arquidiocese de Mariana, com o tema ‘Mineração para quê e para quem? – por uma economia a serviço da vida’. Esta Romaria ocorreu em Congonhas, no dia 1º de maio de 2018. Desde então, veio intensificando presença na cidade. Com o rompimento da barragem de Brumadinho e o aumento do sentimento de insegurança do povo, houve grandes mobilizações, inclusive com ‘visita’ às dependências da CSN para cobrar explicações da empresa. Entre os principais pontos de pauta, em debate, estão os direitos dos atingidos, especialmente a transferência da Creche Dom Luciano e a relocação das famílias - que assim o desejam - para local seguro.

O MAB, em articulação com seus parceiros, vem desenvolvendo um processo de fortalecimento da organização popular, que vai desde espaços de formação a mobilizações. Uma das propostas é fazer ecoar o ‘nosso grito’ no Grito dos Excluídos, que acontece no dia 7 de setembro com o tema ‘Este sistema não vale!’.

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