Pe. Geraldo Martins
Em outubro de 2008, publiquei um artigo sobre o uso do microfone na liturgia por parte das equipes de canto. Reproduzo o texto aqui, considerando sua atualidade, com o desejo de contribuir para o aprimoramento de nossas equipes de liturgia. Eis o artigo:
Em outubro de 2008, publiquei um artigo sobre o uso do microfone na liturgia por parte das equipes de canto. Reproduzo o texto aqui, considerando sua atualidade, com o desejo de contribuir para o aprimoramento de nossas equipes de liturgia. Eis o artigo:
A capela não cabe
mais que cem pessoas. Os bancos estão bem dispostos, a ventilação é boa,
o sistema de som atende perfeitamente, favorecido por ótima acústica.
Faltando entre 30 e 40 minutos para a missa, os membros da equipe de
canto são os primeiros a chegar. Só para montar a parafernália
instrumental levam de 15 a 20 minutos. Trazem a própria caixa
amplificada (às vezes, mais de uma) e os microfones, quase sempre
melhores que os da capela e, dificilmente, menos que cinco.
Concorrendo
com os microfones estão os instrumentos que variam de violão a
guitarra, passando por teclado, bateria e contrabaixo. Tudo montado, é
hora de repassar as músicas que, com raras exceções, atendem mais ao
gosto dos músicos do que à exigência do mistério que se celebra. Cantam
na liturgia e não a liturgia, com a desculpa de que a celebração precisa
ser animada.
Estas
cenas têm se tornado muito comuns em nossas comunidades. Não faz muito
tempo, pude ver tudo isso numa comunidade cuja celebração presidi.
Lembrei-me logo de uma reunião em que um bispo falava desta questão.
“Quando vou celebrar numa comunidade, a primeira coisa que faço é trocar
o meu microfone com algum dos cantores. Os microfones deles são muito
melhores que os da Igreja”, disse o bispo, arrancando gargalhadas e o
assentimento dos presentes.
Nas
comunidades onde isso acontece, os vocalistas se esbaldam nos
microfones. O volume, do tipo ‘quanto mais alto melhor’, parece
ultrapassar o limite tolerável dos decibéis. Resultado: a liturgia fica
cansativa e barulhenta. Nem se consegue perceber se a assembleia está
cantando ou não. Faz lembrar mais uma plateia de espectadores que uma
assembleia que concelebra.
Chama
atenção, ainda, a forma variada com que os puxadores de canto se
posicionam diante dos microfones: uns preferem o pedestal, outros não
abrem mão de segurá-los (isso garante a posse). De uma forma ou de
outra, a impressão que fica é a de que vão engolir o microfone, tal a
proximidade que o colocam da boca.
O
mal uso do microfone, contudo, não tem sido privilégio dos cantores.
Está virando moda, também, o comentarista se apossar dele para responder
à missa. Em alguns lugares, ele até ganha a ajuda solidária (ou seria
concorrência?) dos cantores. Que pena! Além de tornarem a celebração
mais barulhenta, acabam roubando da assembleia seu direito de
participação, tratando-a como ignorante, que não sabe responder às
orações da celebração. Seria tão bom se o comentarista usasse o
microfone somente para comentar e não para responder as orações da
missa!
Certamente
muitos agem assim de boa fé, mas alguém precisa corrigi-los, dar-lhes
formação adequada. Até que ponto, porém, estão abertos a isso? Já ouvi
testemunho de padres que tiveram sérios problemas com as equipes de
canto por discordarem das orientações no uso dos microfones e dos
instrumentos. No espírito da ‘conversão pastoral’ exigida pela
Conferência de Aparecida, eis aí um ponto que merece nossa reflexão.
Uma ótima reflexão, também tive a oportunidade de participar de celebrações muito barulhentas, no que se refere a equipe de canto e instrumentistas. Fico na torcida para que , os que precisam tomem consciência disto.
ResponderExcluirSilmara Viana