A Palavra se faz vida

 


Domingo – 30.08.20

Evangelho: Mt 16,21-27

 

Quando somos convidados a acompanhar alguém, procuramos nos certificar de quem seja a pessoa a fim de não termos surpresas. Ainda assim, podemos nos enganar e ter uma compreensão inexata da pessoa.

No Evangelho proclamado neste domingo, Pedro nos dá um exemplo claro de como, apesar de ter dito pouco antes que Jesus era o “Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16), estava enganado a respeito da pessoa de Jesus. Por isso, recebe uma dura repreensão de Jesus que o chama de satanás (Mt 16,23).

Onde está o equívoco de Pedro? Na compreensão de Jesus como um Messias glorioso e poderoso, que seria enviado por Deus para tomar o poder e libertar o povo, como era o pensamento corrente em sua época. Ocorre que Jesus se apresenta como um Messias identificado com o Servo Sofredor, segundo o profeta Isaías (Is 42,1ss; 49,1ss; 50,4ss; 52,13ss). Daí ele ter dito que o Filho do Homem “deveria ir a Jerusalém, sofre muito da parte dos anciãos, sumos sacerdotes e escribas, e ser morto; e, ao terceiro dia, ressuscitar” (Mt 16,21).

A partir disso, Jesus deixa claras as condições para quem quiser segui-lo: renunciar-se a si mesmo e carregar a cruz. A primeira exigência se concretiza quando somos capazes de assumir na nossa vida a vontade de Deus, fazendo nossos os seus projetos e não o contrário. Daí a importância de, cotidianamente, nos perguntarmos qual é a vontade de Deus para que a realizemos na alegria. Isso ocorrerá sempre que, a exemplo de Jeremias, nos deixarmos seduzir pelo Senhor (Jr 20,7), tal como Jesus que, em tudo, fez a vontade do Pai.

A segunda exigência ocorre quando, de fato nos colocamos no caminho de Jesus. Não podemos confundir o sofrimento cotidiano de nossa vida, a que chamamos cruzes – doenças, crises conjugais, perturbações morais etc – como sendo a cruz do seguimento de Jesus. Esses sofrimentos, com maior ou menor intensidade, sempre farão parte da nossa natureza humana. Precisamos da força de Deus para superá-los, sem dúvida. Contudo, a Cruz do seguimento de Jesus é resultado da missão. Na medida em que encarnamos e assumimos o projeto de vida trazido por Jesus, aparece a Cruz da perseguição, da rejeição, da humilhação. Foi assim com o Mestre, não será diferente com os discípulos.

Busquemos a nossa conversão respondendo a duas perguntas inspiradas no evangelho de hoje: Temos renunciado a nós mesmos no desejo de seguir Jesus Cristo? As cruzes que carregamos são resultado de nosso seguimento a Jesus?

Ó Pai, seduzistes-nos e nos deixamos seduzir por Vós. Fazei-nos perseverar no seguimento de vosso Filho, renunciando-nos a nós mesmos e assumindo a Cruz da libertação e da salvação tal como Jesus nos ensinou. Amém!

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