A Palavra se faz vida

 

Segunda-feira – 07.09.20

Evangelho: Lc 6,6-11

 

O texto de São Lucas proclamado na liturgia de hoje nos remete à da Campanha da Fraternidade de 2006 cujo lema era “Levanta-te, vem para o meio!”. Tomado da versão de São Marcos (Mc 3,3), esse lema serviu de inspiração para discutir o tema da inclusão das Pessoas com Deficiência.

Antes de curar um homem que tinha a mão direita paralisada (Lc 6,6), num sábado, na sinagoga, Jesus faz dois gestos extremamente intrigantes. O primeiro é dirigido ao homem a quem Jesus manda ficar de pé, no meio. Aqui Jesus revela a que veio: tirar os pobres, doentes, sofredores da situação marginal na qual se encontram. Estes são convidados a sair da margem, da exclusão, e a se colocarem no centro para serem vistos e reconhecidos por todos. 

O segundo gesto dirige-se, especialmente, aos doutores da lei e fariseus, mais preocupados com o que Jesus fará em dia de sábado do que com a exclusão em que vive aquele homem. A esses dois grupos Jesus indaga se no sábado é permitido salvar uma vida ou destruí-la (Lc 6,9). Com essa pergunta Jesus desmascara a hipocrisia dos doutores da lei e dos fariseus de ontem e de hoje que observam rigorosamente a lei sem a devida preocupação se sua aplicação favorece à vida ou à morte, à inclusão ou à exclusão.

Ao homem da mão paralisada, Jesus diz uma segunda palavra: “estanda a mão” (Lc 6,10). Ele obedece e ela fica curada. Aqui também há um detalhe interessante que é a obediência daquele que é curado. Essa obediência vem de sua fé no poder de Jesus e no seu desejo de curá-lo. E nós, obedecemos à palavra de Jesus? 

No dia em que realizamos o 26º Grito dos/as Excluídos/as com o tema “Vida em primeiro lugar”, esse evangelho nos questiona se temos empregado todos os nossos esforços para trazer para o meio os que vivem marginalizados por causa da miséria, do preconceito e da repressão. Interroga-nos como nos posicionamos diante dos excluídos de seu direito à terra, ao trabalho e à moradia digna. Impele-nos a exigir participação nos destinos do país cuja independência ainda não chegou para milhões de empobrecidos que vivem a depender de políticas públicas para viver com dignidade. 

Lamentavelmente, são muitos os que, ao invés de se somar ao nosso Grito nesse dia, fazendo-se solidários com os excluídos/as, vítimas do sistema político-econômico que coloca no meio (centro), não a pessoa humana, mas o lucro e a riqueza, preferem acusar os organizadores e participantes das atividades desse dia de comunistas, esquerdopatas, antievangélicos e tantos outros predicados que contradizem a fé que afirmam ter. São os doutores da lei e os fariseus de hoje que, insensíveis ou indiferentes à dor dos pobres e sofredores, “cheios de raiva” (Lc 6,11), procuram o que fazer com aqueles que tentam tornar realidade a prática de Jesus que é incluir os descartados.

Senhor Jesus, mostra-nos os irmãos e irmãs que estão excluídos/as e dá-nos tua coragem e compaixão para irmos ao seu encontro, trazê-los para o meio e retirá-los de sua exclusão. Faz-nos corajosos e audaciosos para promover e defender a vida dos que a têm ameaçada por tantos projetos de morte presentes em nossa sociedade. Amém.  

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