Evangelho: Lc 6,6-11
O texto de São Lucas proclamado na liturgia de hoje nos
remete à da Campanha da Fraternidade de 2006 cujo lema era “Levanta-te, vem
para o meio!”. Tomado da versão de São Marcos (Mc 3,3), esse lema serviu de inspiração
para discutir o tema da inclusão das Pessoas com Deficiência.
Antes de curar um homem que tinha a mão direita paralisada
(Lc 6,6), num sábado, na sinagoga, Jesus faz dois gestos extremamente
intrigantes. O primeiro é dirigido ao homem a quem Jesus manda ficar de pé, no
meio. Aqui Jesus revela a que veio: tirar os pobres, doentes, sofredores da
situação marginal na qual se encontram. Estes são convidados a sair da margem,
da exclusão, e a se colocarem no centro para serem vistos e reconhecidos por
todos.
O segundo gesto dirige-se, especialmente, aos doutores da
lei e fariseus, mais preocupados com o que Jesus fará em dia de sábado do que
com a exclusão em que vive aquele homem. A esses dois grupos Jesus indaga se no
sábado é permitido salvar uma vida ou destruí-la (Lc 6,9). Com essa pergunta
Jesus desmascara a hipocrisia dos doutores da lei e dos fariseus de ontem e de
hoje que observam rigorosamente a lei sem a devida preocupação se sua aplicação
favorece à vida ou à morte, à inclusão ou à exclusão.
Ao homem da mão paralisada, Jesus diz uma segunda palavra: “estanda
a mão” (Lc 6,10). Ele obedece e ela fica curada. Aqui também há um detalhe
interessante que é a obediência daquele que é curado. Essa obediência vem de
sua fé no poder de Jesus e no seu desejo de curá-lo. E nós, obedecemos à palavra de Jesus?
No dia em que realizamos o 26º Grito dos/as Excluídos/as com
o tema “Vida em primeiro lugar”, esse evangelho nos questiona se temos
empregado todos os nossos esforços para trazer para o meio os que vivem
marginalizados por causa da miséria, do preconceito e da repressão. Interroga-nos
como nos posicionamos diante dos excluídos de seu direito à terra, ao trabalho
e à moradia digna. Impele-nos a exigir participação nos destinos do país cuja independência ainda não chegou para milhões de empobrecidos que vivem a depender de políticas públicas para viver com dignidade.
Lamentavelmente, são muitos os que, ao invés de se somar ao
nosso Grito nesse dia, fazendo-se solidários com os excluídos/as, vítimas do sistema
político-econômico que coloca no meio (centro), não a pessoa humana, mas o
lucro e a riqueza, preferem acusar os organizadores e participantes das
atividades desse dia de comunistas, esquerdopatas, antievangélicos e tantos outros predicados que contradizem a fé que afirmam ter. São os
doutores da lei e os fariseus de hoje que, insensíveis ou indiferentes à dor
dos pobres e sofredores, “cheios de raiva” (Lc 6,11), procuram o que fazer com
aqueles que tentam tornar realidade a prática de Jesus que é incluir os descartados.
Senhor Jesus, mostra-nos os irmãos e irmãs que estão excluídos/as
e dá-nos tua coragem e compaixão para irmos ao seu encontro, trazê-los para o
meio e retirá-los de sua exclusão. Faz-nos corajosos e audaciosos para promover
e defender a vida dos que a têm ameaçada por tantos projetos de morte presentes
em nossa sociedade. Amém.
Comentários
Postar um comentário