A Palavra se faz vida

Cuidado com a tradição!

Mc 7,1-13

O centro da questão neste encontro de Jesus com os fariseus e doutores da lei é a famosa tradição, problema também nos tempos de hoje, quando mal interpretada. Observemos que isso não é problema para o povo, mas para a liderança religiosa. Na verdade, o povo, especialmente, os pobres, era vítima desse zelo excessivo de seus lideres. A atitude de Jesus, portanto, é de libertar o povo dos pesos criados pelos doutores da lei e fariseus. 

Rigorosos na observância da lei da impureza, os fariseus e doutores da lei acabavam por valorizar mais os preceitos humanos que o mandamento divino. Com isso, o culto que prestam a Deus é desprezado porque traduz exterioridade. Cobrado por não ensinar a tradição aos seus discípulos, Jesus condena os fariseus e doutores da lei por sua hipocrisia, já que sua prática religiosa vem apenas dos lábios e não do coração.

Diz Jesus: “vocês abandonam o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens; vocês esvaziam a Palavra de Deus com a tradição de vocês” (v. 8.13). Qual é o mandamento de Deus? Cuidar dos pais, como diz o texto, servir e amparar os irmãos, os pobres, os necessitados. Eles não fazem isso sob a desculpa de que o que têm é oferta para o Senhor (Corban). Nisso seguem a tradição e não o mandamento de Deus. 

Vivemos tempos semelhantes com grupos que, como os fariseus e doutores da lei, praticam um conservadorismo assustador, mais preocupados com práticas tradicionalistas do que com a vivência do evangelho. Tudo os assusta e é motivo para falar mal do papa, da Igreja, da CNBB e daqueles que buscam uma evangelização encarnada, libertadora, solidária com os pobres, marginalizados e excluídos. Pior que isso, disseminam suas ideias e acabam confundindo muitas pessoas de boa fé. 

Cuidemos para que não troquemos a Palavra de Deus e seus mandamentos por  tradições humanas que contradizem o amor e a misericórdia de Deus. Peçamos a luz do Espírito Santo a fim de que saibamos fazer o discernimento de tal forma que honremos a Deus com o coração e não com os lábios. Só assim o culto que prestamos a Deus será agradável.

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