A Palavra se faz vida

O milagre da partilha

Mc 8,1-10

Estamos diante da segunda multiplicação dos pães, narrada por Marcos. Chama atenção o fato de Jesus realizá-la em terras pagãs. Como na primeira, Jesus é tomado de compaixão ao constatar que a multidão que o acompanhava há três dias “não tinha nada para comer”. É bonito ver essa sensibilidade de Jesus. Uma sensibilidade que traduz também responsabilidade: “seu eu os mandar para casa sem comer, vão desmaiar pelo caminho, porque muitos deles vieram de longe” (Mc 8,3). Existe atitude mais humana que essa? Tão humana que é divina! Como falta isso a muitas lideranças políticas de nosso país e do mundo!

 Jesus compartilha sua preocupação com os discípulos que não vêm como resolver o problema. Ao perguntar-lhes quantos pães têm, Jesus mostra o segredo para saciar a fome do povo: a partilha. Ao abrir mão do pouco que têm, colocando-o à disposição de todos, os discípulos participam da solução do problema. Canta Zé Vicente que “o pouco com Deus é muito; o muito sem Deus é nada. O pouco que repartimos é fartura abençoada”. Alguém duvida disso?

A partilha, no entanto, não se faz de qualquer modo. É preciso organizar o povo, por isso, Jesus “mandou que a multidão se sentasse no chão” (Mc 8,6). Assim, o milagre aconteceu a partir destas três atitudes fundamentais: a compaixão, a partilha e a organização.

Esse é o caminho para acabar com a fome no mundo e vencer a desigualdade social que marca a realidade de nosso país. Se as lideranças políticas não tiverem a sensibilidade de Jesus que gera compaixão, se os detentores da economia não abrirem mão do muito que acumulam e se os pobres não se organizarem para reivindicar seus direitos, as multidões continuarão famintas, correndo o risco de morrer pelo caminho.

A eucaristia a que também nos remete a multiplicação dos pães só acontece em nossa vida quando nos dispomos a fazer o caminho da compaixão, da partilha e do serviço aos mais vulneráveis e lascados da vida. Isso é comungar Jesus, ou seja, olhar a multidão faminta com os olhos de Jesus e tomar a iniciativa em favor daqueles cuja vida é ameaçada pela fome e pela miséria.

Devemos, então, nos perguntar: Estamos comungando Jesus verdadeiramente? Até que ponto somos cúmplices pela fome e pela pobreza que têm aumentado nesse tempo de pandemia?

 

 

Comentários

  1. Grato pela partilha . Tenho refletido que a Fraternidade pode contribuir muito. Vamos desafiando outros a escreverem também. Abraço.

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  2. Somos cúmplices pela fome e pela pobreza que têm aumentado nesta pandemia, por meio de nossa indiferença para com o próximo. Se fôssemos responsáveis e solidários com o próximo, acredito que, talvez, nem haveria epidemia.

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  3. Obrigada padre geral por todas as manhãs compartilhar com nosco a palavra de Deus para q na nossa primeira refeição ela nos enche de paz e entendimento de como devemos viver o dia a dia

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  4. Jesus, dá-me um pouco de Sua sensibilidade.

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