A Palavra se faz vida

A via de nossa conversão

Mateus 5,20-26

 Por Pe. Geraldo Martins

O princípio da alteridade está no centro da vida humana de tal maneira que é impossível imaginar alguém viver isolado, como uma ilha, sem se relacionar com o outro. Esse relacionamento, contudo, exige compreensão profunda do significado da pessoa humana cuja vida deve ser preservada em todas as suas dimensões, não apenas no aspecto físico. Explica-se, assim, o “Eu, porém, lhes digo...” dito por Jesus diante da lei que proibia tirar a vida física de uma pessoa, mas não se preocupava em respeitar-lhe a dignidade.

Jesus amplia o conceito de vida e nos desafia em nosso relacionamento com o outro ao dizer que este é um irmão e uma irmã a quem devemos amar. A condição, inclusive, para o nosso relacionamento com Deus é viver plenamente reconciliado com nosso irmão. Essa reconciliação deve partir de nós, mesmo que sejamos nós os ofendidos. “Quando você estiver levando a sua oferta para o altar e ali se lembrar que seu irmão tem alguma coisa contra você, deixe a sua oferta ali diante do altar e vá primeiro reconciliar-se com o seu irmão” (Mt 5,23s). Fazendo isso, nossa justiça será maior que a dos fariseus e mestres da Lei, condição para entrarmos no Reino dos Céus (Mt 5,20).

A reconciliação só é possível se, revestidos da humildade e do amor, esvaziarmos nosso coração do orgulho, da autossuficiência, do autoritarismo e da presunção. É desses sentimentos que nascem as atitudes que nos impedem de acolher o outro como irmão e respeitá-lo como imagem e semelhança de Deus. Por contradizerem o princípio da vida como o ensina Jesus, são abomináveis os discursos de ódio contra grupos humanos por causa de sua posição política, orientação sexual, religião, etnia ou qualquer outra razão. Infelizmente, esses discursos estão cada vez mais presentes na sociedade, disesminados pelas redes sociais, replicados, inclusive, por cristãos. A intolerância é inimiga da reconciliação e do amor, portanto, da vida.

Podemos ler e interpretar esse texto de Mateus proposto para a liturgia de hoje na esteira da Campanha da Fraternidade que nos convida ao diálogo amoroso como caminho para superar as polarizações e as violências, visando à construção da paz e da unidade. A reconciliação passa, necessariamente, pelo diálogo que se constrói sobre duas colunas: amor e perdão. Eis a via de nossa conversão. Quem por ela trilha está apto a levar sua oferta ao altar do Senhor.

Comentários

  1. "A reconciliação passa, necessariamente, pelo diálogo."

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  2. Estamos vivendo uma oportunidade ímpar nessa pandemia/quaresma....temos a possibilidade de rever mtos dos nsos conceitos e atitudes e buscar mudanças...o isolamento social a q somos submetidos no momento nos impõe tbem um "intensivão" forçado, em matéria de convivência e entrosamento c o nso próximo mais próximo...aparar arestas c o outro, respeitar o diferente, reconhecer as próprias limitações e preconceitos ainda incutidos em nso ser, é primordial pra amar o próximo cmo a nós mesmos... aliás, até penso q o "nos amar e aceitar vem antes"....

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  3. Um coração para amar, pra perdoar e sentir, toma Sr que ele é teu, meu coração não é meu...

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  4. Que tenhamos coragem, vontade, olhar e ouvido para ouvir e entender o que Jesus quer de nós em relação à nossa vida e a de nossos irmãos.

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  5. É difícil imaginar alguém preferir viver isolado como uma ilha, não se relacionando com o outro E Deus nos mostra que para relacionarmos com Ele ,temos que viver plenamente nós reconciliados com nossos irmãos

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  6. Só o amor constrói...
    Cristo é amor.
    Amém!!

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