A Palavra se faz vida

Exemplo de fé

Jo 4,43-54

Por Pe. Geraldo Martins

O funcionário do rei que vai de Cafarnaum a Caná, na Galileia, suplicar a Jesus pela vida de seu filho que está à beira da morte, é exemplo e testemunho de quem se deixa conduzir pela fé. Nem mesmo a resposta de Jesus, uma censura dirigida aos moradores da Galileia – “se não virem sinais e prodígios, vocês não acreditam” (Jo 4,48) – inibe o funcionário real que, ao contrário, insiste com Ele: “desce, antes que meu filho morra” (Jo 4,49). A súplica insistente é própria de quem põe em Deus toda sua esperança e confiança.

A fé do funcionário real é provada também quando Jesus diz apenas “pode ir, seu filho está vivo” (Jo 4,50), sem, contudo, descer a Cafarnaum como era desejo do suplicante. Ressalta o evangelista: “ele acreditou na palavra de Jesus e foi embora” (Jo 4,50). Eis a base de tudo: acreditar na palavra de Jesus! Isso nos faz pensar que a fé é que leva ao milagre, que São João chama de sinal, e não o contrário.

A razão de, muitas vezes, não alcançarmos as graças que pedimos e das quais temos necessidade não estaria no fato de fazermos o caminho inverso? Não são poucos os que condicionam sua fé à realização do milagre que esperam, isto é, só acreditam se alcançarem a graça que desejam. O evangelho mostra o contrário, ou seja, a força da fé é que faz os sinais acontecerem em nossa vida. Nem mesmo a presença física de Jesus é necessária.

A Quaresma é tempo privilegiado para nos colocarmos diante de Deus e refletir sobre a “qualidade” ou a maturidade de nossa fé. Não podemos nos enganar a nós mesmos. Se falta profundidade em nossa relação com Jesus, se vivemos nossa fé na superficialidade, dificilmente teremos um encontro com Cristo que modifique nossa vida. Somos, então, desafiados a “acreditar na palavra de Jesus e ir embora”. É no caminhar movido pela fé que os milagres acontecem (cf. Jo 4,51).