A Palavra se faz vida

Acolher o testemunho

Jo 5,31-47

Por Pe. Geraldo Martins

Esta é a última parte do discurso de Jesus aos judeus por causa da cura do doente junto à piscina de Betesda. Ele evoca aqui quatro testemunhos a seu respeito: João Batista (v. 35), os milagres ou obras que realiza (v. 36), o Pai (v. 32.37) e as Escrituras (v.39). Ainda assim os judeus se recusam a acreditar nele.

Quando nos predispomos contra alguém, dificilmente nos abrimos à sua verdade, negando-lhe acolhida e qualquer relação de proximidade. Ao contrário, às vezes, somos-lhe hostis e o combatemos até derrotá-lo. Vemos isso ocorrer com os judeus na sua relação com Jesus ao se fecharem a todo testemunho em favor de Jesus. “O motivo de tal cegueira é a busca de si mesmo, a falta de amor de Deus” (Missal cotidiano). E isso pode acontecer também conosco.

Hoje também há muitos testemunhos eloquentes de Jesus para além dos que encontramos na Palavra, na liturgia, na Igreja. Pensemos, por exemplo, nos “mártires da caminhada” que, por causa de Jesus e do Evangelho, derramaram seu sangue na defesa da vida daqueles e daquelas que tinham desrespeitados seus direitos e sua dignidade. Há os que, por amor a Cristo e unicamente por isso, doam sua vida no serviço gratuito aos pobres e descartados da sociedade; os que se consomem, anonimamente, na prática do bem nas periferias do mundo, movidos somente pela alegria de servir a Cristo.

Os testemunhos têm a finalidade de levar as pessoas a Cristo a fim de que nele creiam e o acolham como a razão de sua vida. Contudo, sem disposição interior e desejo sincero de conversão, nenhum testemunho será suficiente para que a pessoa reconheça Jesus como o salvador e libertador. Aqueles que, como os judeus, buscam a própria glória e não a de Deus (Jo 5,44), não acreditarão em Jesus, mesmo diante dos mais nobres testemunhos a seu respeito. Cuidemos para que não engrossemos a fila destes.