A Palavra se faz vida

Restaurados pelo perdão

Jo 8,1-11

Por Pe. Geraldo Martins


Estamos diante de uma das páginas mais conhecidas do evangelho de São João que nos revela não só a misericórdia de Deus, mas também sua justiça. Ao apresentarem a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, os doutores da Lei e os fariseus evocam a aplicação da Lei quem mandava apedrejar tais mulheres. Sua intenção, no entanto, era provocar Jesus que, absolvendo a mulher, se colocaria contra a Lei e, então, haveria motivo para acusá-lo.

A resposta de Jesus – “quem dentre vocês não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra” (Jo 8,7) – remete-nos a Levítico 20,10 que diz: “O homem que cometer adultério com a mulher de seu próximo deverá morrer, tanto ele quanto a sua cúmplice”.  Dessa forma, Jesus desmascara seus interlocutores que aplicavam a lei de maneira parcial, favorecendo ao homem em prejuízo à mulher. Por que não apresentaram também o adúltero? Vão se embora um a um, permanecendo só os dois: a mulher e Jesus; a mísera (a mulher) e a misericórdia personificada em Jesus Cristo, segundo expressão de Santo Agostinho.

À mulher, Jesus faz a pergunta fundamental: “Ninguém condenou você?” para, em seguida, dar-lhe a sentença libertadora e restauradora: “Eu também não a condeno. Pode ir e, de agora em diante, não peque mais” (Jo 8,11). É a graça que vence o pecado. É a misericórdia “que não ignora a realidade da culpa e a necessidade de uma conversão – ‘vá e não peque mais’ -, mas o primado vai para o perdão que exclui qualquer juízo definitivo e impiedoso – ‘eu também não condeno você’” (cardeal Ravasi).

O caminho para reencontrar os valores e reconstruir relações passa pelo perdão que não ignora a culpa, mas oferece a oportunidade de restauração, de reerguimento, de resgate da vida e da dignidade. É assim que Deus age conosco. No perdão que Ele nos dá, somos plenamente restaurados. É assim que devemos agir uns com os outros. Sem o perdão, que nasce da misericórdia, a vida não seria possível.

Comentários

  1. Que sejamos misericordiosos como o pai, oferecendo aos outros e a nós mesmos diariamente a oportunidade de restauração, vencendo o pecado, reestruturando nossas vidas, a partir da graça de Deus.

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  2. Amém!
    Que o perdão, o amor, o diálogo e a compaixão sejam uma constante em nossas vidas nos aproximando assim dos ensinamentos de Jesus.

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