A Palavra se faz vida


Amados e perdoados 

Lc 1-3.11-32

Por Pe. Geraldo Martins

Ícone da misericórdia divina, a parábola do filho pródigo ou do pai misericordioso é um convite à reconciliação que nos faz voltar ao colo amoroso de Deus. A consciência do pecado nos revela o nada que somos, mas a confiança no amor misericordioso de Deus, que tudo perdoa, nos resgata e nos eleva.

É comum lermos essa parábola a partir de seus três personagens a quem, no dizer do cardeal Ravasi, se aplica perfeitamente o adjetivo ‘pródigo’. “O pai é ‘pródigo’ no seu amor misericordioso para com os dois filhos. O filho mais novo é ‘pródigo’ na revolta e no pecado, enquanto o filho mais velho é ‘pródigo’ no orgulho e na mesquinhez” (A Casa da Misericórdia, p. 23).

Em momentos diferentes, o filho mais novo toma duas difíceis decisões. A primeira foi a de sair de casa. O evangelista não narra as motivações que o levaram a essa decisão. Diz apenas que pediu a herança que lhe cabia e partiu. É como se considerasse que o pai tivesse morrido, afinal, herança se reparte após a morte dos pais. A segunda decisão, certamente mais difícil que a primeira, foi a de voltar para a casa. E só o fez no momento em que, rebaixado à indignidade, tomou consciência do amor do pai, um amor visceral que lhe dava a confiança de que não seria rejeitado.

A iniciativa do perdão é sempre de Deus. Ele é que vem ao nosso encontro quando nos dispomos a encontrá-lo. Isso fica claro na parábola que mostra o pai se antecipando no encontro com o filho e tomando a iniciativa de abraçá-lo, beijá-lo e revesti-lo com as insígnias de filho: túnica, anel, sandália. Não é um empregado que volta, mas o filho que “estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado” (Lc 15,24).

O filho mais velho, embora nunca tivesse saído de casa, parece não ter conhecido nem experimentado o amor do pai. Por isso, escandaliza-se com o perdão este que dá ao filho errante. Ao invés de se alegrar com sua conversão, “fecha-se na frieza altiva e rude de apenas julgar” (Ravasi). Faz lembrar os que condicionam o perdão a uma punição severa que humilha e desumaniza.

No caminho cotidiano de nossa conversão, lembremo-nos de que “o primeiro passo que Deus dá na nossa direção é de um amor antecipado e incondicional. Deus ama primeiro. Deus não nos ama porque em nós existe um motivo que suscita amor. Deus nos ama porque Ele próprio é amor, e por sua natureza o amor tende a difundir-se, a doar-se” (Papa Francisco, 14/6/2017). 

 

Comentários

  1. Amém!
    Que saibamos amar mais para assim compreendermos que não se "condiciona o perdão a uma punição severa que humilha e desumaniza".

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  2. Que saibamos amar e valorizar mais o ser humano , sem esperar nada em troca . Pois Deus é amor e quem tem amor , tem tudo que precisa .

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  3. Precisamos nos converter desse coração velho, desse irmão mais velho, para termos um coração do pai que acolhe e ama sem julgar, sem condenar; um pai que sabe cuidar da pequena à maior ferida que o pecado causa em nosso coração.

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  4. "Deus não nos ama porque em nós existe um motivo que suscita amor". 💗

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  5. Precisamos nos libertarmos da dureza do coração e da mesquinhez, seguindo o exemplo desse pai que com seu amor misericordioso,correu na ao encontro do filho que havia saído de casa,e estava de volta.Esse pai presenteou esse filho pródigo com colar e sandália Pois o filho que estava morto tornou a viver.

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  6. Sabemos e vemos que hoje temos muitos filhos pródigos espalhados.Qtos deles não terma mesma sorte!O próprio texto nós mostra que temos ser misericordiosos.

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