A Palavra se faz vida

Crer sem impor condições 

Jo 6,30-35

Por Pe. Geraldo Martins

O caminho da fé em Jesus não é igual para todas as pessoas. Há muitos que, mesmo testemunhando sinais realizados por Ele, condicionam o crer nele a novas provas, como a multidão saciada pelos pães que Ele multiplicou. Interpelam a Jesus como se o colocassem contra a parede: “que sinal realizas para que possamos ver e crer em ti?” (Jo 6,30). Evocam até a memória de Moisés como a dizer que ele é maior do que Jesus por ter dado pão ao povo quando atravessava o deserto rumo à libertação – “pão do céu deu-lhes a comer” (Jo 6,31).

Ao responder à multidão, Jesus mostra que o alimento que sustenta o povo na travessia do deserto vem de Deus e não de Moisés. Esclarece que Deus é quem dá o verdadeiro pão que sustenta e traz vida ao mundo para, finalmente, revelar-se como esse pão – “Eu sou o pão da vida” (Jo 6,35). 

Muitos de nós, em determinadas situações da vida, quando somos colocados à prova, agimos como a multidão que questiona Jesus. Esquecendo os muitos sinais que já realizou em nossa vida, nós como que o desafiamos a provar quem Ele é, exigindo que realize novos sinais e prodígios para que creiamos nele. Decepcionados com nós mesmos, transferimos para Jesus a culpa de nossos fracassos e deixamos de segui-lo.

Jesus, como mostra São João, sacia as duas necessidades vitais do ser humano, a fome e a sede – “quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim não terá mais sede” (Jo 6,35). Ele nos basta. Nele temos a vida sempre. Precisamos apenas ir a Ele e crer nele. Simples assim. A fé, portanto, faz de Jesus o centro de nossa vida. Só nele encontramos a razão de nosso existir. No dia em que entendermos bem isso, diremos como a multidão: "Senhor, dá-nos sempre desse pão" (Jo 6,34) e encontraremos a felicidade que buscamos, mesmo em meio a dor e sofrimento, como ocorre nesse tempo de pandemia.