A Palavra se faz vida

Salvos pela fé

Jo 6,35-40

Por Pe. Geraldo Martins

Fazer a vontade do Pai. Esta é a missão que trouxe Jesus ao mundo. E qual é a vontade do Pai? A salvação de todos, conforme revelação do próprio Cristo: “que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia” (Jo 6,39). Ele fala isso duas vezes seguidas neste breve trecho do evangelho de São João.

A garantia de nossa salvação é a fé em Jesus Cristo a quem somos confiados pelo Pai – virão a mim e não os afastarei (cf. Jo 6,37). Só “vai” a Jesus quem nele crê e só crê nele quem o reconhece como Filho de Deus. Quando isso acontece, a pessoa obtém a vida eterna – “quem vê o Filho e nele crê tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,40).

Duas certezas brotam deste texto de São João. A primeira é que Deus nos criou para si e nos ama de forma incondicional. Movido por sua bondade e misericórdia que são eternas, envia-nos seu Filho para nos resgatar e nos libertar a fim de que ninguém se perca. Como isso é consolador! Desta certeza deveria decorrer nossa paz interior. Por que nos afligir se somos amados por Deus?!

A segunda certeza é que tudo dependerá de nossa fé. Apesar de nos amar incondicionalmente, Deus não age contra a nossa vontade. Ele respeita nossa liberdade e nossas opções que dela decorrem. Jesus, que vem para cumprir a vontade do Pai – "não deixar que ninguém se perca" – não força a barra, não impõe a fé. 

A fé é a expressão da liberdade de quem se entrega ao amor gratuito de Deus. Assim, não basta ver o Filho, é preciso crer nele e, infelizmente, são muitos que o veem, mas não acreditam (cf. Jo 6,36). Atentemo-nos, porém, ao que significa crer em Jesus. Não é apenas uma afirmação formal, da boca para a fora, como ocorre com muita gente.

Crer significa identificar-se como discípulo de Jesus “que não aderiu a ele por própria iniciativa, por atrativo ou entusiasmo, mas pelo dom de Deus; que não se liga a ele pelo que diz, mas pelo que é. O sim da fé em Jesus é um sim definitivo, doação incondicional de si mesmo a ele” (Missa cotidiano). É assim a nossa fé em Jesus?