A Palavra se faz vida

O banquete da vida

Jo 6,52-59

Por Pe. Geraldo Martins

A dúvida dos interlocutores de Jesus não merece censura e expressa a dificuldade de assimilar a novidade por Ele revelada. Indagam-se: “Como pode esse homem dar-nos a sua carne a comer?” (Jo 6,52). Não é a mesma pergunta que muitos ainda fazem diante do augusto mistério da eucaristia? Como compreendê-lo? Como assimilá-lo? Por mais que haja uma explicação racional, só é capaz de acolhê-lo quem se deixa conduzir pela fé.

Em resposta à multidão, Jesus ressalta dois aspectos que se revelam a quem dele se alimenta: possui a vida eterna e permanece nele. A eucaristia se torna, então, garantia da ressurreição – “... eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6,54) - e da vida em Jesus Cristo – “aquele que de mim se alimenta viverá por mim” (Jo 6,57). Eis por que “a Igreja vive da Eucaristia”, conforme ensina São João Paulo II na Encíclica Ecclesia de Eucharistia.

A Eucaristia é sacrifício e banquete em que Cristo se dá como alimento, não em sentido metafórico, mas real (cf. EE, 16). Ensina São João Paulo II: “O Banquete eucarístico é verdadeiramente banquete sagrado, onde, na simplicidade dos sinais, se esconde o abismo da santidade de Deus (...). O pão que é repartido nos nossos altares, oferecido à nossa condição de viandantes pelas estradas do mundo, é pão dos anjos, do qual só é possível abeirar-se com a humildade do centurião do Evangelho: ‘Senhor, eu não sou digno que entres debaixo do meu teto’ (Mt 8, 8; Lc 6, 6)” (EE, n. 48).

Já Santo Agostinho ensina que, quando comungamos o corpo e sangue de Jesus, “não somos nós que transformamos Jesus Cristo em nós, como fazemos com os outros alimentos que tomamos, mas é Jesus Cristo que nos transforma nele. Sendo Deus onipotente, não pôde dar mais; sendo sapientíssimo, não soube dar mais; e sendo riquíssimo, não teve mais o que dar. A Eucaristia é o pão de cada dia que se toma como remédio para a nossa fraqueza de cada dia. Tornem-se o que vocês comem! Vocês comem o Corpo de Cristo, tornem-se Corpo de Cristo!”.