A Palavra se faz vida

Incredulidade

Jo 10,22-30

Por Pe. Geraldo Martins

A dúvida a respeito da identidade de Jesus por parte de alguns judeus nasce de sua incredulidade. Esta, por sua vez, tem origem na resistência ao modo como Jesus se revelou e, consequentemente, à opção de segui-lo – “vocês não acreditam porque não fazem parte de minhas ovelhas” (Jo 6,26).

Esperado como um Messias político, que viesse com poder e revestido da glória humana, Jesus se apresentou pobre e simples, misturado aos pecadores e excluídos, quebrando paradigmas e destruindo preconceitos. Por essa razão, muitos não foram capazes de reconhecê-lo, embora admitissem que algo nele fosse diferente. Daí perguntarem: “até quando nos deixarás em dúvida?”, como se dependesse de Jesus fazê-los crer que Ele era o Cristo – “Se és o Cristo, dize-nos claramente” (Jo 6,24).

São quatro as características que marcam a relação de Cristo com quem que o acolhe e nele acredita, tal como na relação do pastor com suas ovelhas. Enquanto o Cristo-pastor conhece e dá a vida eterna aos seus discípulos-ovelhas, estes escutam sua voz e o seguem. A relação é, portanto, de confiança e entrega. Quem assim age não traz dúvidas em seu coração e afirma com toda convicção que Jesus é o Cristo de Deus.

Escutar a voz de Jesus e segui-Lo, no entanto, torna-se desafio na medida em que exige abandonar o próprio caminho para fazer o caminho apontado pelo Cristo. Isso significa que não posso ser cristão segundo minhas condições e conveniências, como queriam os judeus, senão segundo as exigências e condições colocadas pelo Cristo. É aqui que muitos se enganam afirmando amar e seguir Jesus Cristo quando ignoram sua voz que conclama a amar incondicionalmente, perdoar, partilhar, viver a pobreza evangélica e a simplicidade, servir gratuitamente, denunciar as injustiças, defender os pobres e excluídos. 

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