A Palavra se faz vida

Sinais que levam à fé

Jo 12,44-50

Por Pe. Geraldo Martins

Este texto encerra uma das seções do evangelho de João chamada “Livro dos sinais” (capítulos 1 a 12). O tema aqui é, novamente, o da fé e da incredulidade em Jesus. Há uma divisão entre os que creem e os que resistem a acreditar que Cristo é o enviado do Pai (cf. Jo 12,42).

Nesse discurso de Jesus, sobressaem três ideias chaves que nos ajudam no aprofundamento de nossa fé. A primeira é a identificação de Jesus com o Pai. Jesus insiste que há uma unidade entre eles de tal maneira que quem o vê, vê o Pai. Ele vai repetir isso pouco depois a Filipe (cf. Jo 14,11). Toda obra de Jesus é respaldada no Pai – “o que eu digo, eu o digo como o Pai me disse” (Jo 12,50). Não é possível dizer-se discípulo do Cristo e negar o Pai. Da mesma forma, ninguém pode dizer que ama o Pai rejeitando Jesus. Os dois são um (Jo 10,30).

Em seguida, Jesus se apresenta como luz para que ninguém caminhe nas trevas. Esse é um tema caro a São João – luz e trevas. Jesus veio para nos tirar do mundo do pecado, do mal e da morte (trevas) para nos colocar no reino da vida e da graça (luz). Em outros momentos ele vai se apresentar como luz (Jo 1,5; 8,12). Só em Jesus isso é possível experimentar a alegria da vida; fora dele, a vida é peso, é escuridão.

Por último, Jesus revela sua misericórdia e seu amor ao afirmar, mais uma vez, que não veio para julgar o mundo, mas para salvá-lo (Jo 12,47). Há aqui um respeito a cada pessoa que tem a liberdade de fazer sua opção a favor ou contra Jesus, isto é, ouvir suas palavras e guardá-las ou não (Jo 12,47). A pessoa é julgada pela opção que faz a partir do que ouve do Cristo.

Esta palavra de Jesus nos coloca a refletir sobre os muitos sinais que Ele realiza em nossa vida e na vida do mundo. Trata-se de sinais que nos revelam sua intimidade com o Pai, seu amor incondicional por nós e sua misericórdia que nos liberta e salva. Nossas opções deveriam nascer a partir dessa palavra. 

Percebemos esses sinais de Jesus no cotidiano de nossa vida? Temos tempo para refletir sobre eles ou nos fixamos tanto nos sinais que desejamos que não vemos os que Ele realiza segundo sua vontade? Lembremo-nos: esses sinais devem nos levar à solidificação de nossa fé e não à incredulidade como ocorreu com o grupo dos fariseus (Jo 12,42). Como está a nossa fé no Crucificado-Ressuscitado?