A Palavra se faz vida

À imitação do Mestre

Jo 13,16-20

Por Pe. Geraldo Martins

No contexto da última ceia em que Jesus lava os pés dos discípulos, sobressai a lição do serviço. O exemplo vem do Mestre a quem o discípulo deve imitar. Por isso Jesus adverte que “o servo não está acima do seu Senhor”, nem o mensageiro “é maior do que quem o enviou” (Jo 13,16). Jesus condiciona a felicidade do discípulo à prática deste ensinamento que é uma lição para nós que, muitas vezes, somos tentados a pregar e ensinar nossa verdade e não a de Cristo. E são muitos que cedem a essa tentação.

Quem se dispõe a servir deve estar disposto a fazê-lo em favor de todos, porém, começando pelos últimos, os que mais sofrem, os que são rejeitados pela sociedade, tal como fez Jesus. Traímos o Cristo quando, escolhidos por Ele, não o imitamos no serviço aos pobres e desprezados. A quantos de nós que nos dizemos cristãos se aplica esta palavra de Jesus: “aquele que come o meu pão levantou contra mim o calcanhar”? (Jo 13,18).

O serviço ao pobre deve ser a tradução mais perfeita da eucaristia que fazemos, afinal “se é verdade que o pão e o vinho consagrados são sinal de uma especialíssima presença de Cristo morto e ressuscitado, é verdade igualmente que o cristão deve, com igual fé, reconhecer a presença de Cristo no pobre, no oprimido, no fraco, no marginalizado”. Mais ainda: “Não teria sentido a fé na eucaristia, e seria uma mentira sua celebração, se ela não se prolongasse na caridade, no serviço do próximo” (Missal cotidiano).

Cristo nos envia e em nós será recebido por aqueles que nos acolhem na medida em que O imitarmos no amor aos sofredores, na misericórdia para com os pecadores, na ternura com os discriminados, no cuidado com os feridos pela injustiça e violentados em sua dignidade.