A Palavra se faz vida

Apóstola da ressurreição

Jo 20,11-18

 Por Pe. Geraldo Martins

O encontro com o Crucificado-Ressuscitado é uma experiência vivida por quem chora sua ausência e o busca insistentemente. Não se dá de maneira mágica, mas é fruto de um processo que purifica a visão embaçada pelas lágrimas e pela dor até enxergá-Lo em sua nova realidade. E quem encontra o Senhor Ressuscitado tem a missão de anunciá-Lo aos irmãos e irmãs.

É isso que vemos neste texto de São João cuja personagem central é Maria Madalena. Primeira a ir ao túmulo, ela descobre que o corpo de Jesus não está lá. Ela volta, comunica aos apóstolos que vão até o local, constatam o que ela disse e retornam para casa. Maria Madalena, que os acompanhara, permanece no túmulo, chorando. Não consegue pensar outra coisa senão que roubaram o corpo de seu Senhor – “Levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram” (Jo 20,13). Não deseja outra coisa senão resgatá-lo – “Se foste tu que o levaste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar” (Jo 20,15).

Maria Madalena encontra Jesus Ressuscitado por sua persistência que nasce de sua fé e de seu amor a Ele. Se as lágrimas a impedem de ver Jesus no jardineiro, seus ouvidos não a enganam quando O escuta pronunciar seu nome: Maria! (Jo 20,16). O choro cede lugar ao riso e à alegria, podemos deduzi-lo por sua resposta: “Mestre” (Jo 20,16). Torna-se, então, a primeira apóstola da ressurreição ao anunciar aos apóstolos: “Vi o Senhor!” (Jo 20,18). Agora ela sabe onde Ele está e “se torna apóstola de uma esperança nova e maior” (Papa Francisco – 2017).

Segundo o papa Francisco, os Evangelhos descrevem a felicidade de Maria. “A Ressurreição de Jesus não é uma alegria concedida a conta-gotas, mas é uma cascata que abrange a vida inteira. A existência cristã não é constituída por pequenas felicidades, mas por ondas que subvertem tudo. Procurem pensar também vocês, neste instante, com a bagagem de desilusões e de reveses que cada qual tem no seu coração, que há um Deus perto de nós que nos chama pelo nome, dizendo: ‘Ergue-te, para de chorar, porque Eu vim te libertar!’” (Papa Francisco, 17/05/2017).