A Palavra se faz vida

Identificado com os trabalhadores e trabalhadoras 

Mt 13,54-58

Por Pe. Geraldo Martins

Ao assumir a paternidade de Jesus, o Verbo encarnado, José como que lhe dá uma identidade a tal ponto que ele é reconhecido como o “filho do carpinteiro”. Isso escandalizou a muitos que se recusaram a aceitá-lo como o enviado de Deus. A pergunta -– “não é ele o filho do carpinteiro?” (Mt 13,55) – revela o desprezo por sua origem humilde e pobre. É como se dissessem: “é impossível que o Messias seja filho de um artesão, gente comum e pobre, sem prestígio algum”.

A figura de José, celebrado hoje como operário, leva-nos a Cristo e nos faz refletir sobre sua condição de filho de operário. Dessa forma, ele se identifica com os pequenos e pobres por quem nutre especial predileção. Por essa razão, ainda hoje, continua sendo escândalo para muitos que resistem a reconhecê-lo identificado com os injustiçados da história, entre os quais os trabalhadores e trabalhadoras cujo dia celebramos hoje.

Declarado padroeiro dos trabalhadores e trabalhadoras por Pio XII em 1955, São José, o operário de Nazaré, nos conduz a Cristo a quem ensinou o próprio ofício, dando-lhe uma profissão pela qual é reconhecido por seus escandalizados interlocutores – “Não é este o carpinteiro?” (Mc 6,3). Identificado com os operários e operárias, Cristo se torna sua força e esperança nesses tempos de crises e de perda de direitos.  

Recordemos os que nos diz o papa Francisco na Patris Corde quando se refere a São José como “Pai trabalhador”:

“A pessoa que trabalha, seja qual for a sua tarefa, colabora com o próprio Deus, torna-se em certa medida criadora do mundo que a rodeia. A crise do nosso tempo, que é económica, social, cultural e espiritual, pode constituir para todos um apelo a redescobrir o valor, a importância e a necessidade do trabalho para dar origem a uma nova «normalidade», em que ninguém seja excluído. O trabalho de São José lembra-nos que o próprio Deus feito homem não desdenhou o trabalho. A perda de trabalho que afeta tantos irmãos e irmãs e tem aumentado nos últimos meses devido à pandemia de Covid-19, deve ser um apelo a revermos as nossas prioridades. Peçamos a São José Operário que encontremos vias onde nos possamos comprometer até se dizer: nenhum jovem, nenhuma pessoa, nenhuma família sem trabalho!”