A Palavra se faz vida

Acolher o/a escolhido/a 

Jo 15,9-17

Por Pe. Geraldo Martins

Celebramos, hoje, a festa de São Matias, escolhido para ocupar o lugar deixado por Judas. Assim, reconstitui-se o grupo dos doze apóstolos, número simbólico que lembra as doze tribos de Israel, numa referência à renovação do povo de Israel realizada por Jesus. Um dos critérios para a escolha é que o ‘candidato’ tivesse sido testemunha do ministério de Jesus (cf. At 1,21-22). Apresentaram-se dois e Matias foi o escolhido após os apóstolos rezarem pedindo o discernimento do Senhor.

O chamado ao apostolado é sempre do Senhor, como ouvimos neste texto de São João em que Jesus exorta os discípulos ao amor mútuo. Jesus não apenas escolhe, mas envia os escolhidos para produzirem frutos - “não foram vocês que me escolheram, mas fui eu que os escolhi e os designei para irem e para que produzam fruto e o fruto de vocês permaneça” (Jo 15,16).

A missão do apóstolo é testemunhar a Ressurreição do Senhor e fazer que todos se tornem seus discípulos (cf. Mt 28,19). Pelo batismo, todos nos tornamos apóstolos/as com a missão de anunciar Jesus Cristo e o Reino de Deus que Ele mostrou presente entre nós. Tal como os apóstolos, pelo batismo, somos escolhidos pelo Senhor e nossa missão é produzir frutos de amor, de justiça, de paz, de solidariedade num mundo que nem sempre está aberto aos valores do Reino de Deus.

A escolha de Matias para integrar o grupo dos apóstolos faz-nos pensar, ainda, na acolhida aos irmãos e irmãs que se apresentam ou são indicados para os vários serviços em nossas comunidades. Como são acolhidos por aqueles que já estão na caminhada? É triste uma comunidade em que as equipes e grupos de serviço se deixem levar por ciúmes e disputas que fecham as portas em vez de abri-las para acolher os que Deus escolhe e chama para o serviço de seu Reino.

Atentemos para a exortação do papa Francisco: “Peço-lhes, por favor, que evitem a todo o custo as ‘tentações’ do leigo dentro da Igreja, que podem ser: o clericalismo, que é uma praga e encerra vocês na sacristia, como também a competitividade e o carreirismo eclesial, a rigidez e a negatividade…, que asfixiam o específico do chamamento de vocês à santidade no mundo atual” (14.2.20)