A Palavra se faz vida

Servir e não ser servido

Mc 10,32-45

Por Pe. Geraldo Martins

Jesus anuncia, pela terceira vez, sua paixão, morte e ressurreição. Nesta narração anotada por Marcos, observemos três aspectos. O primeiro é quando o evangelista diz que Jesus vai à frente dos discípulos e os últimos estão com medo. Jesus à frente dos discípulos significa dizer que Ele é o Mestre que guia, que abre caminho, que conduz. Os discípulos, por sua vez, estavam com medo, mesmo guiados por Jesus. Certamente, sentiam o clima de ameaça a Jesus e viam que a cruz lhe parecia cada vez mais inevitável. É natural que se sentissem inseguros e com medo.

O segundo é o inusitado pedido de pedido de Tiago e João – “deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória” (Mc 10,37). Estes dois apóstolos demonstram que não entenderam o que está para acontecer. Tratam logo de garantir o melhor lugar junto de Jesus. Seria uma atitude de esperteza, de quem pensa apenas em si? A sociedade está cheia de gente assim.

O terceiro aspecto é a revolta dos apóstolos diante da atitude dos dois irmãos. Jesus corrige a todos, revelando que entende sua paixão e morte quem se coloca em atitude de serviço. A disputa por poder e pelos primeiros lugares é incompatível com o discipulado de Jesus. É própria dos que se deixam guiar pela opressão e tirania para ter poder sobre as nações (cf Mc 10,42). No seu Reino, grande é quem se faz escravo de todos. O próprio Cristo é quem dá o exemplo - “o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate para muito” (Mc 10,45).

Está posto o desafio: fazer-nos servidores quando gostamos de ser servidos; fazer-nos pequenos, quando nosso desejo é ser grande; fazer-nos escravos quando nos realizamos sendo senhores. Como enfrentamos esse desafio? Como vencemos a tentação de ser servido ao invés de servir?