A Palavra se faz vida

Qual o nosso tesouro?

Mt 6,19-23

Por Pe. Geraldo Martins

Um dos pedidos que fazemos a Deus na oração do Pai Nosso é que Ele não nos deixe cair em tentação (Mt 6,13). E uma das tentações mais fortes que enfrentamos é a do acúmulo e da riqueza. É incrível como temos dificuldades de cumprir a ordem de Jesus: “não ajuntem tesouros aqui na terra” (Mt 6,19). Muitos, de fato, consomem o melhor de suas energias no esforço de fazer riquezas, de acumular bens e só não ajuntam tesouros porque não conseguem, embora fosse esse seu desejo e empenho.

O tesouro que conta são as boas obras que praticamos. Estas é que nos garantem os tesouros que devemos juntar no céu (Mt 6,20). Os valores terrenos são corruptíveis, acabam depressa; os celestes são eternos, jamais passam. Quando compreendermos isso, seremos capazes de nos dedicar mais ao que é celeste, usando o que é terrestre apenas como meio para construir os bens eternos.

Devemos ficar atentos com o nosso coração e os nossos olhos. O primeiro acompanha o tesouro que juntamos – onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração (Mt 6,21). Se fizermos do Reino de Deus nosso tesouro, nosso coração se moverá em direção ao outro para servi-lo como irmão, buscaremos a justiça, a solidariedade, a partilha, o amor, o perdão. Se, ao contrário, nossas preocupações se concentram no acúmulo de riquezas, como o caramujo, voltamo-nos para nós mesmos e nosso coração é dominado pelo egoísmo e pela avareza, totalmente fechado ao outro e à sua necessidade.

Nossos olhos, por sua vez, é que nos conduzem. São “a lâmpada do corpo” (Mt 6,22). É como se fossem responsáveis pelas opções de nosso coração. Daí a importância de saber onde fixamos nosso olhar e qual a luz que nos guia. Se nos deixamos guiar pela luz da fé, saberemos usar os bens deste mundo unicamente como meio para alcançar os tesouros do céu. Se, ao contrário, caminharmos sob a luz material e por ela nos deixamos conduzir, estaremos envoltos na mais profunda escuridão, construindo riquezas para a traça e a ferrugem. Nossa vida, então, terá sido em vão!

Perguntemo-nos sinceramente: Onde está nosso coração? Que luz tem guiado nossos olhos?