A Palavra se faz vida

Não ao fundamentalismo

Mc 12,18-27

Por Pe. Geraldo Martins

Após responder a uma questão política  trazida pelos fariseus e herodianos (Mc 12,13-17), agora Jesus é questionado pelos saduceus sobre a ressurreição dos mortos, um tema religioso. Para provar que estão certos quanto à sua posição de negar a ressurreição, recorrem à Lei de Moisés chamada levirato (cf. Dt 25,5). Levirato vem do latim ‘levir’, que significa cunhado, e estabelecia que a viúva sem filho masculino deveria se casar com o cunhado e o primeiro filho que nascesse desta relação seria considerado filho do primeiro marido da viúva.

Onde está o erro dos saduceus? No fato de usarem categorias humanas para falar de realidades transcendentais. Confundem ressurreição com revivificação ou reanimação de um cadáver. Por isso indagam a Jesus com quem, após a ressurreição, ficaria uma viúva que desposara sete irmãos, segundo a lei do levirato. A ressurreição, ensina Jesus, nos confere um novo corpo que não se regerá mais por categorias e hábitos humanos – “serão como anjos nos céus” (Mc 12,25).

Os saduceus não compreendem que ressurreição “é a passagem não a uma vida igual à precedente, mas a uma vida outra, nova e diversa, em comunhão com Deus, na plenitude da sua glória, da qual participam também o corpo (1Cor 15,35-38). Deus mesmo, de fato, é a nossa vida (Dt 30,20), como o amado é a vida de quem ama” (Fausti – Citado na Liturgia Diária O Pão Nosso de Cada Dia).

O erro dos saduceus nasce da leitura fundamentalista que fazem da bíblia, conforme declarado pelo próprio Cristo: “Vocês não estão errados, desconhecendo tanto as Escrituras como o poder de Deus?” (Mc 12,24). Seu mau exemplo parece ter contaminado muita gente que, também hoje, tem a prática de uma interpretação literalista da bíblia, causando males como intolerância e discriminação. Esse tipo de leitura, usado muitas vezes para justificar posições pessoais e moralistas, outras vezes com finalidades proselitistas, distorce a verdadeira imagem de Deus, turva o olhar e fecha o coração para o amor e a ternura divinos.

A correta interpretação da Palavra está condicionada à abertura ao Espírito Santo. Dele é que nos vêm a luz e a sabedoria que nos fazem conhecer e acolher a verdade sobre os mistérios divinos como a ressurreição, razão de ser de nossa fé. Quando nos deixamos guiar pelo sopro do Espírito, as Escrituras se tornam para nós aquilo que são: revelação da ternura e do carinho de Deus que nos criou por amor.

Comentários

  1. Que Deus nos dê a graça do Espírito Santo , para sabermos ler e interpretar a palavra de Deus.

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  2. Que a luz e a sabedoria que vêm do Espírito Santo nos inspire e oriente! Amém!

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  3. Envia-nos Senhor o vosso Espírito e dá-nos o entendimento para que possamos fazer a vontade do Pai. Amém!

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  4. Busquemos o Céu, vivamos uma vida justa na Terra para termos direito ao prêmio da eternidade

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