A Palavra se faz vida

Jesus-Messias

Mc 12,35-37

Por Pe. Geraldo Martins

Os mestres da lei e os fariseus tinham dificuldade de compreender a identidade de Jesus-Messias. Firmados nas Sagradas Escrituras, afirmavam que o Messias seria filho de Davi, porque assim estava escrito, e que viria para restaurar o reino de Davi. Aliás, Ele é mesmo chamado filho de Davi pelo cego Bartimeu (cf. Mc 10,47) e também quando entra em Jerusalém (Mt 21,9). Ocorre que, na interpretação dos doutores da lei e fariseus, Jesus não seria o Filho de Deus, mas tão somente de Davi, ou seja, não ultrapassava a realidade terrestre.

Em sua resposta, Jesus recorre ao próprio Davi que, no salmo 109,1, reconhecerá o Messias como seu Senhor, isto é, o Kyrios ou Adonai, nome designado para referir-se a Deus. Daí a conclusão de Jesus: “Davi chama o Messias de Senhor. Como é que ele pode então ser seu filho?” (Mc 12,37). Com isso, Jesus mostra que para compreender sua identidade é preciso ir além das categorias humanas. Ele veio para restaurar o reino de Deus que vai além do reino de Davi.

Esta passagem de Marcos nos faz pensar em como conhecemos pouco sobre Jesus. Limitamo-nos a repetir alguns chavões acerca de sua pessoa sem nos aprofundar no verdadeiro significado de sua identidade, de sua pessoa, de sua vida e de sua missão. Assim, quando nos deparamos com algumas questões sobre Ele e seu modo de agir, ficamos embaraçados e não sabemos responder.

Em sua grandeza humana e divina, Jesus não pode ser enquadrado em nossos conceitos, pois, transcende a todos eles. Cabe-nos, portanto, a partir de nossa experiência de fé, reconhecê-lo como nosso Deus e Senhor, que nos liberta e salva. Ele é o “Deus-conosco que dá sentido divino a tudo que é humano, por isto é nossa esperança” (Missal cotidiano) e nossa certeza.