A Palavra se faz vida

 A verdadeira paralisia

Mt 9,1-8

Por Pe. Geraldo Martins

Há, pelo menos, três aspectos que chamam nossa atenção neste texto de Mateus em que apresentam a Jesus um paralítico na cama. O primeiro é a fé dos que carregam o paralítico e, certamente, do próprio paralítico. Mateus deixa isso muito evidente – “Jesus, vendo a fé que eles tinham...” (Mt 9,2). Nada sem a fé. Esta é a motivação primeira para todo aquele que pretende experimentar a graça libertadora de Jesus em sua vida. Em outros momentos, Jesus deixou de curar e fazer milagres pela falta de fé de seus interlocutores (cf. Mt 13,58).

O segundo aspecto é que Jesus, ao invés de curar a paralisia daquele homem, perdoa-lhe os pecados – “Coragem, filho, os teus pecados estão perdoados” (Mt 9,2). Uma surpresa, afinal, certamente, todos esperavam que Jesus fizesse aquele homem voltar a andar. Este gesto de Jesus sugere que o pecado é o que verdadeiramente paralisa a pessoa humana. A cura mais difícil é esta e foi desse mal que Jesus veio nos libertar. Não há cura maior e mais importante que a libertação das amarras do pecado. Só assim a pessoa sente e vive a liberdade para a qual Deus nos criou.

A estranheza dos mestres da lei é o terceiro aspecto que chama nossa atenção neste texto. Entendem que Jesus está blasfemando, afinal, só Deus tem o poder de perdoar. Com este gesto, Jesus se passava por Deus e isso era uma blasfêmia. Em resposta, Jesus mostra seu poder de perdoar realizando a cura física como prova para os doutores da lei. Estes necessitavam de um sinal exterior para ver e compreender o milagre interior.

Ao contrário dos mestres da lei, “Jesus leva em conta a cura da alma, depois a do corpo e não realiza esta senão em vista daquela” (Bíblia de Jerusalém). Este é o milagre que todos devemos buscar em Jesus antes de qualquer outro. E ele só acontece se formos conduzidos a Jesus pela fé.