A Palavra se faz vida

Fazer a vontade do Pai

Mt 12,46-50

Por Pe. Geraldo Martins

Fazer a vontade do Pai, que está nos céus! Esta é a condição para fazer parte da família de Jesus. E foi Ele próprio quem o disse quando procurado por sua mãe e outros parentes (cf Mt 12,47). Nossa meta, portanto, é descobrir qual é a vontade do Pai e assumi-la como nossa. Aliás, é isso que rezamos todos os dias, e mais de uma vez, na oração do Pai Nosso – “seja feita vossa vontade, assim na terra como no céu”.

O próprio Jesus é quem nos revela a vontade do Pai ao longo de sua missão. Para conhecê-la, basta recorrermos à Sagrada Escritura, particularmente, aos evangelhos. A criação e os fatos da vida também revelam a vontade de Deus. É preciso, portanto, estar atentos a eles da mesma forma que à Palavra revelada.

Isso, no entanto, exige discernimento, afinla, não poucas vezes, ocorre atribuirem-se à vontade de Deus fatos e acontecimentos que são fruto da maldade humana ou das estruturas do antirreino presentes no mundo. Não podemos confundir as coisas. Fazer a vontade do Pai implica senso crítico que nos permite distinguir com clareza onde ela se manifesta sob o risco de atribuirmos a Deus situações que contradizem o seu ser. Quando isso acontece, a decepção é inevitável e o sofrimento se torna insuportável porque leva a pessoa a se afastar de Deus. 

Maria, celebrada hoje sob o título de Nossa Senhora do Carmo, é o exemplo maior de quem soube fazer a vontade do Pai. Ela o expressou seja quando visitada pelo anjo Gabriel – “Eis a serva do Senhor” (Lc 1,38), seja ao longo de sua missão, em total obediência aos desígnios de Deus, mesmo quando não os compreendia (cf. Lc 2,50-51).

Há situações em que é muito difícil descobrir a vontade de Deus. Pensemos, por exemplo, nos momentos de dor e sofrimento causados pela guerra, por esta pandemia que parece não ter fim, pela desigualdade social, pela injustiça... Invoquemos a Maria não só para nos ajudar a perceber a vontade de Deus em todos os momentos de nossa vida, mas, sobretudo, para ser nossa inspiração em seu cumprimento. Tudo isso, claro, se quisermos fazer parte da família de Cristo.