A Palavra se faz vida

Jesus, servo de Deus

Mt 12,15-21

Por Pe. Geraldo Martins

O jeito de Jesus agir junto aos pobres, sofredores e pecadores despertou a ira das lideranças do povo que não escondiam sua intenção de matá-lo. Jesus não se intimida, porém, adota a estratégia da discrição a fim de dar continuidade à missão. Ele continua curando a todos (Mt 12,15), afinal, foi para isso que veio, mas ordena que guardem segredo sobre sua pessoa (Mt 12,16).

Essa ordem de Jesus tinha como finalidade evitar que o povo adquirisse uma compreensão equivocada de seu messianismo, considerando os vários movimentos messiânicos que existiam em sua época. Além disso, Mateus evoca as Escrituras, citando Isaías 42,1-7, identificando Jesus com o Servo de Javé cuja ação é marcada pela discrição – Ele não discutirá, nem gritará, e ninguém ouvirá sua voz nas praças (Mt 12,19).

Outra característica do Servo de Deus é a fé e a esperança no resgate da vida e da dignidade das pessoas – ele não quebrará o caniço rachado, nem apagará o pavio que ainda fumega (Mt 12,20). Em Jesus, Deus aposta sempre em seus filhos e filhas de quem jamais desiste. Ao contrário dos seres humanos que, em muitas circunstâncias, veem seu semelhante como um caso perdido e irrecuperável, Jesus, o servo escolhido de Deus e guiado por seu Espírito (cf. Mt 12,18), olha para todos com a compaixão e a esperança de que voltem à vida.

Como discípulos e discípulas de Jesus, nossa missão é dar continuidade à sua missão, ou seja, levar vida e esperança a quem as tem ameaçadas. Devemos fazê-lo tal como Jesus, sem medo, mas com discrição e humildade, sem triunfalismos. É assim que o Reino acontece.