A Palavra se faz vida

Em busca de sinais

Mt 12,38-42

Por Pe. Geraldo Martins

É muito natural que, diante de alguém desconhecido, a gente queira algum sinal que nos prove e nos faça compreender sua verdadeira identidade, suas palavras e atitudes. Quando, no entanto, a pessoa já se deu a conhecer e insistimos em sinais para podermos acreditar nela, entramos no campo da desconfiança. E não há nenhuma relação que se sustente tendo como base a desconfiança.

Neste texto de Mateus, proclamado na liturgia de hoje, os doutores da lei e fariseus pedem a Jesus um sinal. Ocorre que Jesus já havia demonstrado de muitas maneiras que viera da parte de Deus. Basta olhar os milagres que fazia, a maneira como tratava os pobres e sofredores, as denúncias contra as práticas políticas e religiosas que oprimiam o povo. Ainda assim, os fariseus e mestres da lei insistiam em algum sinal exponencialmente espetacular.

A resposta de Jesus, remetendo a Jonas (Mt 12,39), faz referência à sua morte e ressurreição, sinal definitivo de sua messianidade e de sua missão. “Jesus se recusa a dar outro sinal que não seja o da sua ressureição, que será o sinal decisivo, ao qual faz aqui alusão velada” (Bíblia de Jerusalém). Não se refere tanto à pregação de Jonas, que leva Nínive à conversão, mas ao fato de ele ter, miraculosamente, se libertado do ventre de um peixe. Com Jesus se dará o mesmo quando, morto, for colocado no sepulcro – daí sairá vitoriosamente vivo!

Só será capaz de ver os sinais de Jesus quem se deixar guiar pela fé. Quem, ao contrário, for dirigido pela desconfiança, jamais verá os sinais de Cristo e, consequentemente, não o aceitará em sua vida. Pela fé somos capazes de nos abandonar totalmente nas mãos de Deus e nos entregar a Ele sem reservas. Não podemos inverter as coisas: a fé é que nos leva a ver os sinais de Deus em nossa vida e não o contrário. Infelizmente há muitos que condicionam sua fé aos milagres, ou seja, só creem se virem acontecer algo extraordinário. Ocorre o mesmo com você?