A Palavra se faz vida

Ouvir, compreender, frutificar

Mt 13,18-23

Por Pe. Geraldo Martins

Diante da Palavra de Deus que ouvimos, podemos ter uma de quatro reações. Quando a ouvimos, mas não a compreendemos, permitimos que a roubem de nosso coração. Se a recebemos com alegria, mas não nos aprofundamos no compromisso que ela exige de nós, a abandonamos diante da primeira dificuldade. Se a recebemos, mas não lhe damos a devida atenção, ficando mais voltados para as coisas do mundo do que para a realidade que ela aponta, ela não incidirá em nossa vida. Se, ao contrário de tudo isso, a ouvimos e a compreendemos, abrimos caminho para sua eficácia e os frutos serão abundantes.

O segredo, portanto, está em ouvir e compreender. Este é o caminho para que a semente da Palavra encontre, no terreno de nosso coração, condições para produzir os frutos que dela se esperam. Esta Palavra se revela, tanto nas Sagradas Escrituras, quanto na Criação e nos fatos e circunstâncias da vida. Por isso, não a ouvirá, nem a compreenderá quem se deixar levar pelo ritmo frenético da vida e não se permitir o recolhimento e o silêncio que nos conectam com Deus. Os que vivem vinte e quatro horas por dia conectados com as coisas do mundo, facilmente colocam Deus off-line e não dão atenção à sua Palavra que tudo transforma e a todos dá vida.

Recorda-nos São João Paulo II: “A Palavra não dá fruto automaticamente: mesmo sendo divina, portanto, onipotente, adapta-se às condições do terreno, ou melhor, aceita as respostas que o terreno dá, e que podem ser também negativas. Mistério da condescendência de Deus, que chega a entregar-se completamente nas mãos dos homens! Porque, no fundo, a semente lançada nos vários terrenos é o próprio Jesus (cf. Jo12,24)”.

E continua: “A leitura desta parábola e da explicação dada por Jesus aos seus discípulos suscita em nós uma reflexão obrigatória. Nós somos, queridos irmãos e irmãs, o terreno no qual o Senhor depõe incansavelmente a semente da sua Palavra e do seu amor. Com que disposições o acolhemos? Como sabemos fazê-lo frutificar?” (Viagem à Eslováquia – 13.09.2003).