A Palavra se faz vida

O perdão é infinito

Mt 18,21-19,1

Por Pe. Geraldo Martins

Uma das questões que mais nos exige no esforço de viver a fé e praticar o evangelho está ligada ao perdão. Pedro faz uma pergunta a Jesus – “quantas vezes devo perdoar meu irmão? Até sete vezes?” – sinalizando que há um limite para perdoar alguém. Julga-se generoso ao sugerir sete vezes quando os rabinos indicavam ser suficienter quatro vezes. Não poucos de nós comungamos da ideia de que, de fato, há um momento em que não é mais possível perdoar a pessoa que, sistematicamente nos ofende.

A resposta de Jesus indica, pelo menos, duas dimensões do perdão. A primeira é que não se pode colocar limite no perdão. Ele é para ser dado sempre – “não lhe digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18,22). A segunda está ligada ao que se deve perdoar. Falamos, então, da profundidade e do alcance do perdão. Deve-se perdoar tudo. O perdão é ilimitado também nesse aspecto.

A parábola contada por Jesus nos ajuda a compreender isso. Nossa dívida para com Deus é infinitamente desproporcional à dívida que um irmão possa ter conosco. Tal como Deus, em sua misericórdia e generosidade, nos perdoa toda a dívida, devemos nós também perdoar-nos uns aos outros.

A pedra de toque para o perdão é a compaixão – “o senhor teve compaixão, soltou o servo e perdoou-lhe a dívida” (Mt 18,27). Sem isso, jamais seremos capazes de perdoar – “não devias, tu também, ter compaixão de teu companheiro como eu tive compaixão de ti?” (Mt 18,33). Só a compaixão e a misericórdia levam-nos a perdoar nossos irmãos e irmãs de coração (cf. Mt 18,35). Esta é a condição para sermos perdoados.