A Palavra se faz vida

Uma só carne 

Mt 19,3-12

Por Pe. Geraldo Martins

Este texto de Mateus remete-nos a um dos temas mais caros à Igreja: o sacramento do matrimônio e, consequentemente, a família. Aqui se evidenciam as duas propriedades essenciais do casamento: a unidade e a indissolubilidade – “eles já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!” (Mt 19,6). Trata-se de um mistério que nos desafia diante de uma sociedade cada vez mais permissiva e relativista, sobretudo, em relação à compreensão e vivência da sexualidade humana.

Lembra o Papa Francisco, que, em hebraico, o verbo unir-se indica “uma estreita sintonia, uma adesão física e interior”, que lembra a união com Deus. No matrimônio, unir-se evoca a união “não apenas na sua dimensão sexual e corpórea, mas também na sua doação voluntária de amor” (Amoris Laetitia, 13). Assim, a indissolubilidade do matrimônio “não se deve entender primariamente como ‘jugo’ imposto aos homens, mas como um ‘dom’ concedido às pessoas unidas em matrimónio” (Amoris Laetitia, 19)A unidade do matrimônio, por sua vez, "manifesta-se também claramente na igual dignidade da mulher e do homem que se deve reconhecer no mútuo e pleno amor" (GS, 49)

O amor, a fé e a fidelidade são como um tripé que sustenta o casamento. Descuidar desses valores é colocar em risco a vida conjugal e a família. Infelizmente, temos assistido a um crescimento da desestruturação familiar, agravado nesse tempo da pandemia. Há mais de cinquenta anos o Vaticano II já afirmava que “a poligamia, a epidemia do divórcio, o chamado amor livre e outras deformações” impedem que a dignidade da família resplandeça em toda parte com igual brilho (c.f GS 47).

Nem todos são capazes de compreender esses valores do casamento, resgatados em sua originalidade pelo Cristo. Aos que, por uma razão ou outra, não conseguem viver esse ideal proposto pelo Evangelho, a Igreja deverá ter sempre atitude de misericordiosa acolhida. Lembra o Papa Francisco que “o olhar de Cristo, cuja luz ilumina todo o homem, inspira o cuidado pastoral da Igreja pelos fiéis que simplesmente vivem juntos, que contraíram matrimônio apenas civil ou são divorciados que voltaram a casar. Na perspectiva da pedagogia divina, a Igreja olha com amor para aqueles que participam de modo imperfeito na vida dela: com eles, invoca a graça da conversão; encoraja-os afazerem o bem, a cuidarem com amor um do outro e colocarem-se ao serviço da comunidade onde vivem e trabalham” (Amoris Laetitia, 78).

Comentários

  1. O amor, a fé e a fidelidade são como um tripé que sustenta o casamento. Que o casal não percam esses valores para não colocar em risco a vida conjugal e familiar.Que a Sagrada Família abençoe todos os casais .

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  2. "O amor, a fé e a fidelidade..."
    Valores essenciais.

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  3. Infelizmente julgamos os não casados na Igreja condenando-os a uma vida de exclusão pastoral. Precisamos ter o "olhar de Cristo" para estes casais, incentivando-os a participarem da nossa comunidade eclesial.

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  4. Sem amor não existe matrimônio, é falso, é união ilegítima. Só Deus e cada um dos cônjuges poderão mensurar a autenticidade da união entre seus corações e Deus só confirma a união, quando há sinceridade, lisura e boa-fé.

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  5. O casamento é sustentado pelo
    Amor.A fidelidade e a fé são elementos essenciais para a sustentação desse amor que mantém o casal sempre unido.

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