A Palavra se faz vida

A bondade de Deus

Mt 20,1-16

Por Pe. Geraldo Martins

Das muitas lições que podemos tirar desta conhecidíssima parábola dos trabalhadores da vinha, gostaria de destacar três: o chamado, a hora do chamado e a recompensa para quem é chamado.

O convite para trabalhar na vinha, que é também uma ordem – “vão vocês também para minha vinha” (Mt 20,4.7) – dirige-se a todos. Tem, portanto, um caráter universal, ou seja, ninguém está excluído de trabalhar na vinha do Senhor, que é o mundo.

Na exortação apostólica Christifideles Laici, São João Paulo II destaca esse convite em relação à missão dos cristãos leigos e leigas no mundo. “Novas situações, tanto eclesiais como sociais, econômicas, políticas e culturais, reclamam hoje, com uma força toda particular, a ação dos fiéis leigos. Se o desinteresse foi sempre inaceitável, o tempo presente torna-o ainda mais culpável. Não é lícito a ninguém ficar inativo” (CL, n.3). 

Quanto à hora do chamado, o destaque fica para a diversidade do momento em que cada um é chamado. Toda hora é hora para alguém ser chamado. Uns vão mais cedo para a vinha, outros mais tarde. Não importa. Há lugar para todos na vinha, independente da hora que chegam. O que não vale é não ficar ocioso nas praças. “Não há lugar para o ócio, uma vez que é tanto o trabalho que a todos espera na vinha do Senhor” (idem).

O coração da parábola está na terceira lição, que é a recompensa. No final do trabalho, todos recebem o mesmo salário. Ficam evidenciadas, aqui, a bondade, a misericórdia e a justiça de Deus cuja lógica vai sempre na contramão da lógica humana. Esta toma como parâmetro, muitas vezes, o caminho economicista que considera a pessoa pelo que ela produz, desconsiderando sua necessidade e digndade de filho e filha de Deus. Assim, a bondade de Deus transcende a compreensão humana – “você está com inveja porque estou sendo bom?” (Mt 20,15). 

Reflitamos: já estamos trabalhando na vinha do Senhor? Como praticamos a misericórdia e a justiça em relação aos últimos?