A Palavra se faz vida

Falar e fazer

Mt 23,1-12

Por Pe. Geraldo Martins

Ensinar e praticar o que se ensina. Duas ações que deveriam andar juntas sem jamais se dissociarem. Quem ensina, mas não age de acordo com o que ensina, incorre em incoerência e hipocrisia. Jesus reconhece a autoridade dos doutores da Lei e dos fariseus que ensinam a Lei de Moisés. Entende que a ensinam corretamente – “vocês deve fazer tudo o que eles dizem” (Mt 23,3), mas reprova suas atitudes que vão em direção oposta ao que pregam – “não imitem suas ações. Eles falam e não praticam” (Mt 23,2).

Jesus enumera uma série de práticas dos doutores da Lei que caracterizam sua hipocrisia (cf. Mt 23,4-7). Falta-lhes coerência entre a fala e a prática. Exigentes e rigorosos com os outros, vivem de aparência, tomados pela soberba.

Corremos o risco de ler este evangelho e logo pensar que ele se aplica aos outros e não a nós. Doutores da Lei e fariseus – hipócritas - são os outros. Não temos, nós também, vez ou outra, atitudes semelhantes às dos doutores da Lei? Nunca nos aconteceu de cobrar dos outros práticas que não realizamos, valores que não vivemos?

O orgulho, a vaidade e a soberba levam à hipocrisia. O caminho do discípulo de Jesus é o da humildade. Quem se identifica como discípulo de Cristo, sabe-se irmão de todos – “todos vocês são irmãos” (Mt 23,8) -, e não mestre ou guia que se coloca acima dos outros – “quem se exaltar será humilhado” (Mt 23,12).

Se somo todos irmãos, “não devemos de maneira alguma subjugar os outros e olhar para eles de cima para baixo. Não nos devemos considerar superiores aos demais; a modéstia é essencial para uma existência que queira ser conforme com o ensinamento de Jesus, o qual é manso e humilde de coração e não veio para ser servido, mas para servir” (Papa Francisco, 5.11.17).