A Palavra se faz vida

Vigilância e esperança

Mt 24,42-51

Por Pe. Geraldo Martins

O cristão é o ser da esperança. Sabe que há um futuro, que não tenta adivinhar, mas construir a partir de sua fé. Sua esperança não se confunde com a passividade de quem espera por milagres, mas é vida ativa, dinâmica, vivida por quem se lança na tarefa de transformar a sociedade para que seja sinal do Reino.

O que esperamos, afinal? A felicidade sem fim, a vida eterna, a salvação que Cristo nos mereceu. Tudo isso é construído no processo da vida e não é algo para depois de nossa morte somente. Diante disso, Mateus nos apresenta duas certezas. Primeira: Cristo voltará para nos julgar. Segunda: ninguém sabe a hora em que isso ocorrerá. Daí a necessidade de estar acordado, isto é, vigilante, atento, para não ser apanhado de surpresa – “Fiquem atentos! Porque vocês não sabem em que dia virá o Senhor!” (Mt 24,42).

Na incerteza do tempo em que acontecerá o julgamento final, podemos adotar uma de duas atitudes. A da vigilância que nos leva a agir segundo o que nos confiou o Senhor, como o empregado que cumpre com fidelidade sua tarefa na ausência do patrão, na parábola contada por Jesus, (cf. Mt 24,45), ou a da infidelidade de quem, cansado pela espera do patrão que não chega, abusa de sua ausência e adota um comportamento que não condiz com sua condição de servo, traindo a confiança de seu senhor (cf. Mt 24,47).

A vigilância não se confunde com o medo. Há pessoas que misturam as coisas. Têm um medo terrível de Deus e, ao invés de se fazerem vigilantes, tornam-se escrupulosas, veem pecado em tudo, e concebem Deus como um juiz implacável e não um pai amoroso e misericordioso como se revelara seu filho Jesus Cristo.

Lembremo-nos: “O tempo do cristão é o tempo da espera: espera de Deus e de seu evento vivida na disponibilidade interior da confiança e da esperança” (Missal Cotidiano). Vigiemos!