A Palavra se faz vida

Evangelizar os pobres

Lc 4,16-30

Por Pe. Geraldo Martins

Na sinagoga, em Nazaré, sua terra, Jesus revela a missão para qual foi enviado: anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a libertação aos cativos e a vista aos cegos, libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor (cf. Lc 4,18s). Esse é seu programa de vida. E ele o executará com a força do Espírito que o anima e conduz.

Todo aquele que se identifica como discípulo ou discípula de Jesus deve assumir como seu esse mesmo programa de vida. Tal como a Galileia, onde Jesus inicia seu ministério, a sociedade na qual vivemos é marcada pela desigualdade social que faz aumentar a pobreza, a exclusão e o descarte de milhões de irmãos e irmãs.

A missão que nasce de nossa fé e de nossa adesão a Jesus Cristo impele-nos a ser sinal de vida para esses irmãos e irmãs. Nossa tarefa decorre da missão de Jesus e se traduz no anúncio da libertação dos que vivem oprimidos pelas estruturas sociais pecaminosas sobre as quais se sustenta nossa sociedade. Devemos evangelizar os pobres. Isso “significa em primeiro lugar aproximar-nos deles, significa ter a alegria de servi-los, de libertá-los da opressão, e tudo isto em nome e com o Espírito de Cristo, porque é Ele o Evangelho de Deus, é Ele a Misericórdia de Deus, é Ele a libertação de Deus, é Ele quem se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza” (Papa Francisco 24.01.2016).

Recorda o papa que evangelizar os pobres na perspectiva de sua libertação não é fazer apenas assistência social ou promover um atividade política, mas também oferecer a força do Evangelho “que converte o coração, sara as feridas, transforma as relações humanas e sociais segundo a lógica do amor. Com efeito, os pobres estão no centro do Evangelho”.

Nem todos compreenderam a missão de Jesus e, por isso, o rejeitaram - "levantaram-se e o expulsaram da cidade" (Lc 4,29). Não será diferente com quem, destemida e profeticamente, se coloca ao lado dos pobres, na defesa de seus direitos e de sua dignidade. Nem por isso devemos nos calar. Nossa omissão faz aumentar a dor e o sofrimento dos excluídos. 

Nesse momento delicado que vivemos em nosso país, nunca é demais repetir o que nos disseram os bispos do Brasil: “A existência de milhões de empobrecidos é a negação radical da ordem democrática. A situação em que vivem os pobres é critério para medir a bondade, a justiça, a moralidade, enfim, a efetivação da ordem democrática. Os pobres são os juízes da vida democrática de uma nação” (Exigências éticas da ordem democrática, Doc. 42, n. 72).

Transformemos o Evangelho em vida!

Comentários

  1. Amém!
    Que o Espírito Santo nos ilumine para verdadeiramente nos comprometer com a vida de todos os que se encontram marginalizados com esta cultura de morte que não prioriza os direitos e a dignidade humana.

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  2. "Transformemos o Evangelho em vida!"
    - Que assim seja!

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  3. Às vezes não fazemos sucesso onde queríamos, mas o Senhor nos envia a alguém a quem nem imaginamos, para que por nosso meio ela possa obter cura e libertação.

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