A Palavra se faz vida

Jesus e as mulheres

Lc 8,1-3

Por Pe. Geraldo Martins

Era incomum, no tempo de Jesus, as mulheres participarem de grupos de discípulos que acompanhavam seu mestre. Marginalizadas e excluídas, eram impedidas de ser protagonistas em atividades tidas como exclusivamente dos homens. Jesus quebra esse paradigma. Em sua missão, dedicou atenção e cuidado especiais às mulheres, denunciando a injustiça e o preconceito de que eram vítimas.

Nesta passagem de São Lucas, as mulheres têm status de apóstolas. Elas acompanham Jesus juntamente com os doze apóstolos e os ajudam com os bens que possuíam (Lc 8,3). Podemos imaginar quão revolucionário foi este gesto de Jesus, numa sociedade patriarcal e machista em que a mulher era vista mais como objeto do homem do que sujeito de sua própria vida.

Na história da Igreja, a presença da mulher é determinante e, ainda assim, carece de ser mais valorizada, inclusive em suas instâncias de decisão. As mulheres, diz o papa, “são protagonistas de uma Igreja em saída, através da escuta e do cuidado que manifestam com as necessidades dos outros e, com uma marcada capacidade de sustentar dinâmicas de justiça em um clima de ‘calor doméstico’, nos diferentes ambientes sociais em que se encontram para trabalhar” (8.10.2020).

Na Exortação Apostólica Querida Amazônia, o papa destaca que, em muitas comunidades da Amazônia, a fé se manteve de pé “graças à presença de mulheres fortes e generosas, que batizaram, catequizaram, ensinaram a rezar, foram missionárias, certamente chamadas e impelidas pelo Espírito Santo. Durante séculos, as mulheres mantiveram a Igreja de pé nesses lugares com admirável dedicação e fé ardente” (QA, 99).

Como nos pediu papa Francisco em outubro do ano passado, “rezemos para que, em virtude do batismo, os fiéis leigos, em especial as mulheres, participem mais nas instâncias de responsabilidade da Igreja, sem cair em clericalismos que anulam o carisma laical”.