A Palavra se faz vida

Vigiar e esperar

 Lc 12, 35-38

Por Pe. Geraldo Martins

Continuando o discurso aos seus discípulos a caminho de Jerusalém, Jesus exorta-os a estarem vigilantes, aguardando a chegada do Senhor. Essa chegada não tem hora, podendo ser no momento impróprio da noite ou da madrugada. Exige, por isso, estar preparado, significado de estar “com os rins cingidos e as lâmpadas acesas” (Lc 12,35).

O mais interessante é a inversão de papéis nesse encontro do senhor com seu servo na comparação feita por Jesus. Ao invés de o servo servir ao seu senhor que chega em hora imprevista, este é que se põe a servir a seu empregado que o esperou. Por isso Jesus proclama “felizes aqueles servos que o senhor, ao chegar, encontrar acordados” (Lc 12,37).

A vigilância é um tema caro ao cristianismo. Ela se dá, ao mesmo tempo, no movimento de quem vai ao encontro do Senhor – rins cingidos – e  na perseverança de que confia e espera no Senhor – lâmpadas acesas. A vigilância, portanto, não se confunde com uma espera passiva, como se o Senhor viesse a nós sem nos comprometermos com a luta pelos valores do Reino.

É interessante como muitos que se dizem cristãos vivem a vida sem se preocupar com o encontro com o Senhor. Parecem prescindir de Deus e tornam-se referência para si mesmos. Desprezam o Evangelho, ignoram as orientações da Igreja, não buscam os sacramentos, fazem-se indiferentes e insensíveis ao sofrimento e à dor do outro, vivem sem nenhum compromisso com a justiça e o bem comum. Quem assim age não terá a alegria de ser servido pelo Senhor no banquete da vida porque não poderá abrir-lhe a porta quando Ele chegar.

Senhor, ajuda-me a manter os rins cingidos e as lâmpadas acesas através de um compromisso sincero e verdadeiro com a promoção e a defesa da vida, especialmente, dos mais vulneráveis. Faz-me vigilante e atento para acolher-te na pessoa de todos que de mim se aproximarem, servindo-os com alegria. Amém!