A Palavra se faz vida

A quem temer

Lc 12,1-7

Por Pe. Geraldo Martins

Começando um novo discurso, agora para as multidões, Jesus faz três recomendações importantes para quem deseja ser seu discípulo. A primeira é um alerta para não se deixarem contaminar pelo jeito de ser dos fariseus, isto é, a hipocrisia. Esta é um fermento perigoso que pode levar a pessoa à perdição. É enganadora, falseia a realidade e tenta esconder a verdadeira identidade da pessoa. No entanto, nada fica escondido para sempre – “nada há de escondido que não venha a ser revelado” (Lc 12,2).

Deus nos dê seu Espírito a fim de distinguirmos quem são os fariseus de hoje – e são muitos presentes no mundo da política, da vida social, da vida religiosa... - a fim de não sermos contaminados por seu fermento – a hipocrisia.

Em seguida, Jesus mostra que não se deve temer quem ameaça e usa seu poder para dominar. E há muitas maneiras de fazer isso. Fica claro, portanto, que o caminho do discipulado comporta perseguição e sofrimento de todo tipo, mas aqueles que são a causa disso não devem ser temidos porque não podem fazer mais que isso (cf. Lc 12,4).

Deve-se temer, antes, a Deus para não se perder a salvação. O que significa isso? Ter medo de Deus? Claro que não! “Temer a Deus significa levar em conta, nas grandes decisões e no dia a dia da vida, que Deus é Deus – e só Deus é Deus! – e não querer de modo algum perdê-lo, pois só Ele é a vida e só Ele pode dar a vida” (Liturgia O Pão Nosso de Cada Dia)

A terceira recomendação é confiança total em Deus. Esta confiança é fruto do temor que se deve a Ele. Não podemos duvidar de que Deus cuida de nós, ainda que vivamos situações que nos apavorem e que nos fazem sofrer para além de nossas forças. Se Deus cuida até dos pardais, como não cuidaria de nós, suas criaturas prediletas?! (cf. Lc 12,6-7).