A Palavra se faz vida

O desejo de conhecer Jesus

Lc 19,1-10

Por Pe. Geraldo Martins

 

A história de Zaqueu mostra-nos que a salvação nasce da conversão e está ao alcance de todos. Reconhecido como pecador por ser chefe dos cobradores de impostos, enriquecido por esta prática, Zaqueu sente brotar em seu coração o desejo de ver Jesus. A força desse desejo era tal que ele usou da criatividade, subindo numa figueira, para superar os obstáculos que o impediam de conhecer Jesus, ou seja, a multidão e sua baixa estatura. Isso nos faz pensar como é irresistível a atração de Jesus sobre quem se deixar encantar por sua pessoa, por sua vida e sua palavra.

Zaqueu é surpreendido pela misericórdia de Deus. Seu esforço para ver Jesus faz com que Jesus o veja primeiro e se ofereça para hospedar-se em sua casa – “Zaqueu, desça depressa! Hoje eu devo ficar na sua casa” (Lc 19,5). A misericórdia de Deus sempre se antecipa àqueles que manifestam sincero desejo de vida nova, de conversão, de retorno à casa paterna. Deus é quem se oferece para hospedar-se na casa dos que buscam a vida da graça.

A conversão se traduz em mudança radical e Zaqueu é quem revela isso – “Senhor, eu dou a metade de meus bens aos pobres e, se defraudei alguém, vou devolver quatro vezes mais” (Lc 19,8). Que lhe restará? Quantos ricos estão dispostos a uma conversão assim? Zaqueu compreendeu que se voltar para Deus significa assemelhar-se a Cristo e viver na pobreza, servindo aos irmãos e irmãs. Jesus nos basta! Quando compreendermos isso, nossa conversão será verdadeira.

Se, por um lado, a misericórdia de Deus surpreende, por outro lado, ela também escandaliza. Quem nunca experimentou essa misericórdia, que se manifesta especialmente no perdão, ficará sempre escandalizado por Deus se colocar entre os pecadores – “Ele foi hospedar-se em casa de um pecador” (Lc 19,7), disse a multidão atônita. Quantos agimos assim! Ao invés de nos alegrarmos com a presença de Deus junto aos pecadores, preferimos julgá-lo e condená-lo por sua misericórdia. Precisamos compreender que todos são “filhos de Abraão” (cf. Lc 19,9) e a eles também é destinada a salvação do Deus que ama e liberta.

Senhor, dá-nos a graça da conversão a fim de sentirmos tua misericórdia e vivermos a alegria de teu amor. Amém!