A Palavra se faz vida

O verdadeiro templo de Deus

Jo 2,13-22

Por Pe. Geraldo Martins 

Na festa da Dedicação da Basílica do Latrão, celebrada hoje, a liturgia nos convida a compreender o verdadeiro significado do Templo religioso. Por isso, apresenta-nos este conhecidíssimo texto de São João em que Jesus faz a purificação do Templo, expulsando, com um chicote de cordas, os vendedores e cambistas que estavam fazendo da Casa do Pai, “uma casa de comércio” (Jo 2,16).  

A atitude de Jesus aponta para um sentido que transcende à materialidade do Templo em sua beleza artística, cultural e histórica. Indica que o Templo é, antes de tudo, habitação de Deus. É bom recordar que “todo edifício-igreja é consagrado a Deus e pretende exaltá-lo por um mistério de salvação ou pelas maravilhas operadas nos anjos, em Maria ou nos santos” (Missal Cotidiano).

Cristo ressuscitado está presente na Igreja. É o significado de sua afirmação: “destruam este tempo e em três dias o levantarei” (Jo 2,19). Fala, portanto, do verdadeiro Templo que é seu corpo. As igrejas de pedra ou tijolos são sinal dessa presença. Não duvidamos disso. Daí todo cuidado e esmero por nossas igrejas e capelas, por mais simples que sejam. Jamais admitiríamos que alguém profanasse um templo religioso. E isso vale para todas as religiões.

É preciso observar, contudo, que o templo principal onde Deus habita por primeiro é a pessoa humana. Não se compreenderia nossa indignação com a profanação do templo de pedra se ficássemos indiferentes às mais variadas formas de profanação da pessoa humana como a fome, a exclusão, a pobreza, a violência, a intolerância, a discriminação, o preconceito.

Senhor, pelo batismo habitais em cada um de nós e nos tornamos vossos templos. Purificai-nos e livrai-nos da indiferença que nos impede de reconhecer nosso irmão/ã como  templo da vossa graça e do vosso amor.