A Palavra se faz vida

A partilha nasce da compaixão

Mt 15,29-37

Por Pe. Geraldo Martins

Jesus atrai a si a multidão dos marginalizados. Como mestre, sentado na montanha, Ele revela e manifesta a misericórdia de Deus ao ensinar e curar a todos. 

Eis a primeira lição do texto proclamado na liturgia de hoje: Jesus se deixa encontrar pela multidão que sobe a montanha para a experiência de Deus que cura e salva.

Nós também devemos subir a montanha para ouvir o mestre e ser por Ele curado de nossas cegueiras, paralisias, de nossa mudez e de tudo aquilo que nos impede de ser livres para amar e servir; de tudo aquilo que nos rouba a vida.

A sensibilidade de Jesus vai além do que se pode imaginar. Ele é movido pela compaixão, por isso se preocupa com a subsistência da multidão e compartilha com os apóstolos sua preocupação com a falta de alimento para todos. 

Eis a segunda lição do evangelho: Jesus ensina que a fome e a carência do povo devem fazer parte de nossas preocupações e que a solução está entre nós, quando nos dispomos a partilhar o pouco que temos.

O choro dos famintos e necessitados no Brasil e no mundo é um grito contra nossa indiferença e inércia diante da desigualdade social que mostra multidões passando necessidade e alguns poucos vivendo na fartura, ignorando os que estão na vulnerabilidade. E como isso ficou evidenciado com a pandemia! Só a compaixão nos move na direção de quem precisa e nos faz antecipar na busca de solução para o problema.

“Quem não tem os seus ‘cinco pães e dois peixes’?”, pergunta o Papa Francisco. “Todos os temos! Se estivermos dispostos a pô-los nas mãos do Senhor, serão suficientes para que no mundo haja um pouco mais de amor, paz, justiça e, sobretudo, alegria”, responde o Papa (26.7.2015). Estamos dispostos a isso?

Senhor, vem curar-nos de tudo aquilo que ameaça nossa vida e nossa liberdade. Enche-nos da compaixão de teu Filho e desperta-nos para a partilha que mata a fome e faz viver. Amém!