A Palavra se faz vida

Que Jesus esperamos?

Lc 7,19-23

Por Pe. Geraldo Martins

A pergunta que João Batista manda seus discípulos fazerem a Jesus é sinal de que também ele tinha dúvidas quanto à messianidade de Jesus, não obstante ter tido outras experiências na relação com Ele. Revelando-se um Messias diferente do que a maioria esperava, especialmente, as lideranças do povo, Jesus surpreende de modo a confundir o próprio João Batista.

Como João Batista, pode acontecer que também nós coloquemos em dúvida a ação de Deus em nossa vida, apesar de já tê-la experimentado em tantas ocasiões e oportunidades. Muitas vezes somos confundidos por aqueles que tentam nos desviar dos caminhos do Reino e acabamos por questionar o próprio Jesus.

Em sua resposta aos discípulos do Batista, Jesus reafirma sua identidade não com palavras, mas com ações. Nele se cumpre o que foi dito pelo profeta Isaías, retomado por Lucas: trazer vida nova aos pobres (cf Lc 4,18).

A pergunta sobre a identidade de Jesus vem daqueles que se escandalizam com seu jeito de se colocar no meio do povo. Ao contrário do que muitos esperavam, Jesus não se apresenta como um Messias glorioso, poderoso, rico, mas pobre, misturado com os pecadores e publicanos, doentes e marginalizados. Por isso muitos se escandalizaram e se escandalizam ainda hoje com Ele. Daí Ele dizer: “felizes aquele que não se escandalizar por causa de mim” (Lc 7,23).

Estamos nos aproximando do Natal, festa tão celebrada no mundo inteiro. Podemos nos perguntar: que Jesus esperamos? Um Messias que vem para os grandes projetos de retomada do poder? Um Jesus que se rende ao sistema dos grandes e poderosos? Um Jesus conivente com as injustiças sociais? Ou um Jesus pobre, amigo, servidor e irmão dos pobres, dos pecadores, dos excluídos? Um Jesus que diz não a este sistema que mata e marginaliza?! Um Jesus que denuncia a injustiça, a opressão, a violência, a morte?! Qual Jesus nascerá nos presépios que armamos em nossas casas? E nos nossos corações?

Ó Cristo, vem ao nosso encontro. Não permitas que vivamos teu Natal dominados pela sede de consumo, mas dá-nos a graça de celebrá-lo no serviço generoso e na partilha alegre com os irmãos e irmãs, especialmente, os que vivem na vulnerabilidade.