A Palavra se faz vida

De que lado estamos?

Lc 11,14-23

Por Pe. Geraldo Martins

Este texto de Lucas revela-nos duas verdades. A primeira é que Jesus vence o mal e torna o ser humano livre. Isso fica claro quando Jesus expulsa o demônio de um mudo que recupera sua capacidade de falar. Para isso é que Cristo veio: para tirar os filhos e filhas de Deus do domínio da maldade e devolver-lhes a liberdade e a dignidade. Só Deus tem o poder de superar o mal que tenta apossar-se das criaturas divinas.

Diante de Jesus, esta é a segunda verdade, não é possível ficar indiferente. É preciso decidir-se: ou se está a favor ou contra ele; ou nos colocamos ao seu lado na luta contra o mal, ou somamos com aqueles que fazem o mal – “quem não está a meu favor, está contra mim, e quem não ajunta comigo, dispersa” (Lc 11,23). Ao seu lado estão os que ficaram admirados com seu poder de expulsar demônios; contra Ele ficam os incrédulos que o colocam como vindo de satanás e não de Deus – “É por Beelzebu, o príncipe dos demônios, que Ele expulsa os demônios” (Lc 11,15).

Definir de que lado estamos é determinante para nos posicionarmos diante de tantas situações que são claramente manifestação do mal e afrontam a vontade de Deus a respeito de seus filhos e filhas. A desconfiança que gera a incredulidade é uma forma da qual muitos se servem para justificar sua posição contrária ao projeto de Deus. Vemos isso, lamentavelmente, quando defendem projetos de morte gestados por políticas que retiram direitos, ignoram e sacrificam os empobrecidos, favorecem os ricos e anulam o poder de participação popular.

Quem se decide por Jesus sente sua força libertadora que livra de todo mal e, ao mesmo tempo, assume a luta contra tudo aquilo que fere a vida e a dignidade da pessoa humana. “Quem não está com Cristo, empenhado na luta contra o mal, está a serviço de satanás; e quem acredita em qualquer coisa sem se comprometer com Cristo, nada aproveita” (Missal cotidiano). Inevitável perguntarmo-nos: de que lado estamos?

Ó Cristo, cremos que vieste do Pai e tens o poder de vencer todo mal. Enche-nos de tua coragem na luta contra toda situação que fere de morte os filhos e filhas de Deus, especialmente, os pobres e vulneráveis. Amém!

 

Atenção: Hoje, 24 de março, fazemos memória dos 42 anos do assassinato de Santo Oscar Romero, arcebispo de El Salvador. Ouçamos uma de suas muitas palavras proféticas: “Um Evangelho que não leva em conta os direitos das pessoas, um cristianismo que não constrói a história da terra não é a autêntica doutrina de Cristo, mas simplesmente instrumento do poder. Lamentamos que, em algum momento, nossa Igreja também tenha caído nesse pecado; entretanto, queremos revisar essa atitude e, de acordo com essa espiritualidade autenticamente evangélica, não queremos ser fantoches dos poderes da terra, mas queremos ser a Igreja que leva o Evangelho autêntico, corajoso, de nosso Senhor Jesus Cristo, mesmo quando seja necessário morrer com ele, numa cruz”. (27-11-1977)